terça-feira, 30 de dezembro de 2008

A peleja do vento com o coração (sotaqueando em cordel)

E tudo era coisa natural.
Mas se o vento soprasse,
não havia menina que não balançasse.

E mesmo o que parecia sólido como pedra,
se desmanchava no ar na loucura
que se permitem os deuses.

Os prazeres do vento são múltiplos,
quem é que não quer se folha pra voar,
nem que seja um instante a contar.

Pois bem, não sei bem o que foi que houve,
mas um vento estranho bateu por essas terras.
Se veio do mar, quem saberá?
Mas que está cheio de mistérios e encantos, ah tá!
Se os búzios poderão explicar, talvez.
Ponhamos os dias a contar.

O que está sucedendo aqui eu agora vou falar,
é que coração que batia certo,
um pra lá e outro pra cá,
deu agora pra descompassado andar.
Bate um pra lá e falha na hora de voltar.
Pingo d'água deu nó e os sentimentos bagunçaram que só.
Ainda dizem os cablocos que essa é a graça da vida,
pois além de ar e comida, precisa de amor, viola e poesia.

Me diz então cabloco, se com o gozo do vento,
fico inteira e aguento.

Cabloco responde de longe, rindo-se da menina desesperada.
-Finda a tempestade se atente, pois logo que a poeira
se assente, as coisas em ordem vão ficar
e enquanto isso, menina, é rir pra não chorar.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Sexta Feira

Semana cheia. Mil coisas a fazer, a pensar, a produzir...
Uma daquelas semanas que você se vê de pijama, e não sabe se está indo
dormir ou acabou de acordar...
E num piscar de olhos, mas com o corpo já no pó da rabiola,
chega a sexta-feira a noite. Finalmente algumas horinhas livres!
Daí, você toma um banho mais demorado, consegue até se olhar no espelho.
Sozinha em casa.
Coloco um som. Isso, som é muito efetivo nesses momentos.
Quanto mais alto, melhor. Canto vigorosamente junto.
Rede. Quer coisa melhor que rede? Pronto, já tinha o som, a rede e
sim, cigarros!
Acendo um cigarro. Impressionante.
Como pode no tempo de um cigarro pensar
tanta besteira e coisa desconexa junto.
No mísero tempo de um cigarro.
Daí o cigarro chama a cerveja.
Sim, afinal, de cara limpa não dá pra encarar o cansaço da sexta-feira à noite.
Fome... Para os sem pique de cozinhar, macarrão resolve.
Comer sozinha? Não. Ligo a televisão, mas não desligo o som.
Fico com os dois. Assisto um pouco de novela.
Tão fácil acompanhar os problemas assim da novela, né?
Se resolvem fácil, dá pra engolir pronto.
O tempo de tv, a tôa assim, não ultrapassa o da refeição.
A rede volta a me olhar com olhares volupiosos.
Mais uma cerveja, cigarros.
E pronto, o melodrama começa a tomar conta.
Essa mulher melodramática que mora dentro de
mim (mas que eu juro não tem nada haver comigo)
toma conta e me torna visceral.
Flor da pele.
Sente tudo. Ama. Não se aguenta dentro de si.
E é claro, sempre que esse ser se manifesta, a chance de
fazer alguma cagada é certa, porque essa
melodramática quer resolver tudo.
Mas óbvio, é uma inconsequente,
até na política ela se meteria assim.
Dai vai pro blog e escreve sobre o vazio, porque
mesmo com o som nas alturas, o cigarro, a cerveja
e os pensamentos desconexos, o vazio ronda.
Impressionante. Como pode caber tudo de vez?
Por fim cai morta de cansaço. "dorme gente fina e acorda pinel"
como diria Chico.
Sim, acordou com vontade de ser atriz.
Queria fazer uma esquete desses cotidianos infelizes
e comuns. Mas logo esquece. Há coisas mais importantes
por hora.
Mas o quê era mesmo?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Sobre o vazio

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quando tudo passa, e sobra somente......................................................................................
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..................................................................................................................................................o vazio!

sábado, 1 de novembro de 2008

Sísifo

Me sentindo Sísifo em meio as obrigações, na pedra diária que tenho que empurrar ladeira acima.
O cansaço e a falta de tempo faz com que não esteja conseguindo escrever muito, mas os pensamentos não param, nos pequenos momentos, dentro do ônibus, tomando banho, enfiando o garfo na boca, e por isso me sinto Sísifo, que desafia os deuses por não desistir de pensar, seja como for...
Me deu vontade de dividir duas frases boas de minha semana, a primeira veio de uma palestra muito boa que assisti, é o paradoxo de Gramsci," Viver numa época em que a velha ordem agoniza (levando consigo a civilização) enquanto a nova ordem parece não ser capaz de nascer. Mas, ao menos, pode ser noticiada".
A outra li no blog de Maíra, uma amiga que anda longe, http://cinetextos.blogspot.com/, achei a frase muito boa, é de Abílio Hernandez: “na literatura, de tempo em tempo temos um espaço e no cinema de espaço em espaço construímos um tempo”. Simples e perfeita, não?
Sim, e esses tem sido temas recorrentes em meus pensamentos, questões referentes a crise de nossos dias e nosso estranho tempo! O tempo se perdeu no nosso referencial, já teve épocas em que a humanidade pensou que controlava o tempo, inventou relógio e tals, mas quem ainda pensa em controlá-lo é mais louco que ele, pois ele tem se esvanido de uma maneira bem fora de nossos controles. E daí ficamos reinventando ele e as maneiras de lidar com ele, tentando enquadrar nossa rotina, quase de forma escrava para satisfazê-lo.
E essa nova ordem, de dias e tempos novos, que não chega nunca. Inventamos disco voador vindo pra terra pra nos salvar, teorias, planeta chupão, fim dos tempos, apocalipse. Eu própria me apego a isso pra esperar essa mudança...juro que queria fazer com meus próprios braços, mas não sei. Então sento e espero, ouço todas as teorias, acredito em quase todas num desespero sem palavras para que essa nova ordem chegue logo e como no paradoxo, tem dias que agonizo, quase morro.
Mas como não morro, no dia seguinte continuo empurrando a pedra morro acima até o limite de minha resistência. Observando a inutilidade de trabalhos mil, mas pensando, sempre, em todo e qualquer segundo de tempo. E que me perdoe Zeus, mas vou adiante.
E você Senhor Tempo, bom com você eu me entendo diretamente. Ainda acertamos nossos relógios de acordo com a sua, ou com a minha imaginação, com a sua, ou com a minha loucura.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Velha

Hoje, queria um marido de barbas brancas, filhos criados, uma casa à beira mar rodeada por árvores e um computador.
Ia ficar somente a escrever minhas impressões do mundo, como quem mais nada tem haver com ele.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Pequenos cotidianos

Cabelos oleosos, bem grisalhos. Sombrancelhas largas e grossas, engraçadas, com pêlos apontando para mim.
Redundante e cheio de trijeitos.
Vira e mexe, esquece o zíper da calça aberto.
Em certo ponto de sua fala, começa a acumular aquelas coisinhas brancas ao redor da boca.
Mas hoje teve um novo elemento.
Fez a barba e esqueceu um tufo de pêlos no meio da bochecha direita. Pêlos grandes, lisos e brancos.
Tentei, juro que tentei me concentrar no que esse professor falava. Mas, de repente o tufo de barba saltava aos meus olhos bem na frente das palavras e daí só conseguia perceber que a boca dele continuava mexendo, mas as palavras não faziam mais o menor sentido pra mim.
Mesmo porque o pensamento já estava aqui, no que ia escrever aqui.
OH Zeus!
O resto da aula foi uma tortura. Tive que dar tudo da minha concentração: 1. Para não morrer de rir olhando pra ele; 2. Para conseguir parar de olhar compulsivamente para o tufo de pêlos e
3. Para ver se conseguia aprender alguma coisa, qualquer coisa nessa altura do campeonato já era válido.
Usei diversas técnicas, de tentar só ouvir olhando pra baixo, de olhar para o tufo e esquecer que era engraçado, de prestar atenção só na boca....aff, cansei. Que inferno que foi.



Ah, aproveito pra mostrar o lado de fora da sala de aula, é na praça Piedade, é linda cheio de prédios históricos...cheio de pombas, pessoas e fatos bizarros. Comércios informais, mendigos, gente tomando banho nas fontes, propaganda eleitoral, encontro de familiares que procuram seus entes desaparecidos. Tem de tudo é só procurar.














Essa ai pega a fonte de tantos banhos e a faculdade de economia (dessa matéria que faço) ao fundo, olha eu ali na janela!









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Notícia triste.

Hoje vi a menina do vestido xadrez na faculdade de arquitetura.
Quase não a reconheço, ela finalmente estava sem o vestido xadrez.
Aiiii que decepção, já sabia mas não queria acreditar que ela tinha outras roupas.
Essa era uma calça league preta, blusa preta e chinelo de salto branco,
muito sem graça comparado ao vestido xadrez e as botas.
Foi frustrante, pensei em nem contar aqui pra não estragar a personagem, mas não me senti justa.
Tá ai a informação.

sábado, 11 de outubro de 2008

Queria ter certeza.
Mas nas certezas não se vive,
Não há vida sem descobertas.

Des-coberta, estado de deriva?
Queria escrever a alma.
Mas alma não se escreve.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

A ânsia de vida faz com que no dia de hoje, eu não consiga me aquietar.
É um daqueles dias que mesmo sentada, não cessa o tremor das pernas.
Em que as mãos buscam não se sabe o quê.
Em que é preciso ouvir música bem alto para preencher esse vazio imenso.
E a mente não silencia.

"mas tinha que respirar, todo dia"
http://app.radio.musica.uol.com.br/radiouol/player/frameset.php?opcao=umamusica&nomeplaylist=009431-6_08<@>Mar_de_Sophia<@>Debaixo_D´Água_-_Agora<@>Maria_Bethânia<@>0000<@>Maria_Bethânia

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Intensa, inquieta, impulsiva.
Calma aparente, verdadeira.
Com um sentir que não cabe em si,
não sei ser meio aquilo, ou meio isso.
Preciso do universo em mim.
Inteira enfim?

"sabe, eu não faço fé mais na minha loucura"

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

ACM Neto

Hoje pela manhã, indo para a faculdade, a cara de ACM Neto estampada em vários outdores não me causou o repúdio que senti durante todos esses meses pré-eleições.
Hoje ele estava lá, com aquela mesma carinha almofadinha de sempre, aquele sorrizinho sem graça, que expressa seu nada e o slogan "É possível fazer diferente". Olhei, sorri de volta sarcasticamente, como ele, e pensei "ohhh bebê, vai ter que ficar pra próxima, pede colo pro vovô, pede!"
Também gostei de pensar nele como se estivesse num show de calouros, tipo do Raul Gil, e claro, imaginei a musiquinha: o Raul perguntou, você não acertou, então pegue seu banquinho e saia de mansinho...
Foi bom vir pensando no ACM Neto hoje cedo, mesmo porque desde de ontem a tarde o Fuscão Preto me persegue, e hoje nos primeiros instantes do dia ele já estava lá assombrando meus pensamentos...fuscão pretooooo! http://br.youtube.com/watch?v=lyqQv_oVjUA

domingo, 5 de outubro de 2008

Notícias da Barra

Salvador, sexta-feira dia 3, perto das 11 da matina...
Andando na Barra. Rua? Marquês de Leão.
Vejo um borburinho de policiais, e para policias estou sempre de orelhas em pé e olhos atentos para suas abordagens. Não sei de quase nada, mas desconfio de muita coisa.
Vítima do dia: um gringo, acho que espanhol ou argentino. Coroa na casa dos 50, tipo roqueiro, todo tatuado, barrigudo (creio que de cerveja, não me parecia gravidez).
Crime: Não faço a mínima idéia, curiosa pra saber até agora.
Conflito: Pelo que entendi, ele estava sem documentos.
Por que o caso merece ser contado? Pouca gente viu, se foi meia dúzia foi muito e foi engraçado pra caralho.
Descrição: Os policiais cercam o gringo, pedem documentos, querem levá-lo. Gringo reclama, mas em poucos minutos resolve reagir de maneira inusitada. Abaixa as calças, vira as costas pros policias e diz: -TO CAGANDO E ANDANDO PRA VOCÊS!!!!!
(Quantos de nós não queria já ter feito isso, hã????? )
Tristeza: Era uma bunda feia a beça. Branquela à moda gringa, redonda e achatada demais.
Consequência: Policiais irados.
Prisão? Não sei. Curiosíssima pra saber. Se alguém tiver notícias me dê.
Após o caso, velhinho do meu lado comenta: - Minha filha, nessa barra tem pra tudo que é gosto mesmo.
Velhinho sábio. Realmente a barra tem de tudo mesmo. Para todos os gostos e fregueses.

domingo, 28 de setembro de 2008

Paradoxo do Dia

Viver livremente, em função
do medo das amarras.

Sensorial do Dia

Se as sensações sensoriais são quatro, por que haveria de contentar-me com apenas uma?
Meu deleite é no doce, não poderia ser diferente.
Aprecio com moderação o amargo.
Me rebelo no azedo,
mas sacio-me mesmo, é no ácido.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Ontem descobri onde ela mora

A primeira vez que a vi, foi de manhã. Perto das 6 da manhã, no ponto de ônibus (minhas histórias de ônibus tem rendido, afffff).
Percebi ela desde o primeiro dia, por causa de seus trajes.
Ela vestia um vestido xadrez, nas variações de cor entre branco, cinza e preto. Um xadrez mediano, nem muito grande, nem tão pequeno.
Era um vestido tipo jardineira, até o joelho, com um fecho de couro e fivela um pouco abaixo dos ombros e por baixo camisetinha branca justa. E nos pés, botas, botas curtas e sem salto.
Claro, ela me chamou a atenção pelas roupas, por estar em Salvador, não é o tipo de roupa que as pessoas usam por aqui, principalmente pelo fato das botas estarem na ativa logo cedo.
De resto, um biotipo comum, nem gorda, nem magra, cabelos soltos, nem enrolados, nem lisos, nem loiros, nem pretos. Olhos castanhos. Pele clara, com bochechas tendendo ao rosado.
Enfim, essa foi só a primeira vez que a vi. Depois disso, encontrei com ela no ponto mais algumas vezes (não seguidas) e para minha surpresa, ela sempre estava com a mesma roupa. Comecei então a reparar nela cada vez mais, porque além de ser uma roupa engraçadinha, percebi que ela realmente gosta dela.
Até que um dia, de passagem pela faculdade de arquitetura, a vi novamente, ela estava lá com amigos. Pronto, descobri o curso dela e para não mais surpresa nem minha, nem de quem lê, a mesma vestimenta.
E assim, fui reunindo informações, brincando com meu imaginário sobre a vida alheia (e falta do que fazer!!!).
Ontem, voltando pra casa já a noite, encontrei essa minha quase vizinha entrando em seu prédio. Vi ela de costas, com seu vestido xadrez e suas botas caminhando com o ar cansado do fim do dia. Ela mora num prédio bom, com certeza tem outras roupas e condições de comprar mais roupas, mas acho que descobri a roupa preferida dela.
Também já sei onde ela mora e que curso faz.
Agora, espero não encontrar ela com outras roupas, vai ser frustrante. Quero manter o meu imaginário sobre a menina que só gosta de uma roupa. É bem mais divertido assim.

domingo, 14 de setembro de 2008

Coragem!

Uma amiga veio me pedir: me ajuda a ter coragem!
Fiquei pensando comigo, como se ajuda a ter coragem, justo eu?
Enfim, a única coisa que cheguei a conclusão que coragem só pode existir da certeza em se fazer a coisa certa, quando não existe mais outra maneira. Daí nos inflamos desse sentimento que nos impulsiona a resolver, porque já não podemos mais viver da outra forma.
Talvez seja isso a coragem. E a coragem de viver na adrenalina, se arriscar, fazer viagens, ousar, gastar o que não tem para realizar um sonho, também é por não saber viver de outra forma, por não saber ficar longe dos desejos do ser essencial.

sábado, 13 de setembro de 2008

Não se sinta sozinho no BUZÚ!

Resolvi finalmente postar um texto leve, de situações engraçadas que acontecem com a gente.
Essa semana estava no ônibus. Cobrador figura de tudo, luvas brancas (sei lá por qual motivo, aliás acho até que merece mais ênfase essa observação, porque é muito engraçado um cobrador de luvas, e brancas!), ativo (andava de um lado pro outro sem conseguir parar, aquela cadeira que cobrador tem, para ele era meramente simbólica, sem utilidade, não vi ele sentado lá em nenhum momento) e interativo (gostava de participar das situações do ônibus).
Bom, ônibus estava vazio, senta uma menina e seus óculos escuros ao meu lado. Achei engraçado e fiquei pensando o que fez ela sentar lá comigo se havia tantos lugares pra ela sentar sozinha e eu pessoalmente, nunca sento com as pessoas podendo estar só. Mas enfim, cada um com a sua piração.
Caminhos e mais caminhos, em certa altura essa menina abaixa os óculos, me olha com um olhar levemente louco e diz bem perto dos meus ouvidos que estava com medo do cobrador porque ele era muito esquisito...hahaha, justo ela, com aquela carinha de doida. Depois dela ouvir de mim que eu achava que ele era engraçadinho mas inofensivo, ela me disse rapidamente que precisava descer e já foi descendo, desviando o olhar do cobrador, como se estivesse fugindo dele. Cena boa de ver, me rendeu alguns minutos de risada interna, cheguei mesmo a me consolar de continuar na vida de pegar ônibus, e estar no ônibus naquele dia, de tanto que me diverti.
A semana foi passando, como havia me chamado a atenção esse episódio, comecei a reparar no hábito das pessoas ao sentarem no ônibus, onde elas procuram sentar. Enfim, voltou a acontecer mais duas vezes de ônibus estar com bastante lugar disponível e as pessoas virem se sentar justamente ao meu lado. Como se não bastasse, vira e mexe alguém acha que estou afim de ouvir os seus problemas.
Em Campinas, fizeram uma campanha grande incentivando a utilização do transporte público, tentando convencer as pessoas de que andar de ônibus é uma oportunidade de você fazer amigos...Pensar em melhoria do transporte, imagina, quem é que precisa de transporte bom se estiver em companhia de amigos? hã?
Daí estou pensando em lançar minha própria campanha: - não se sinta sozinho no BUZÚ, se sente ao meu lado!!! Se proteja do cobrador, dê uma encostadinha em meu braço, me conte seus problemas, divida sua agonia. Será que pega?

Simplicidade

Quem foi que inventou que é fácil ser simples? Eu tento, acho lindo, mas não consigo.
Outro tabu: o caminho do meio, alguém já achou? Procuro, procuro e me aparecem uns meio a esquerda, direita extrema, rotatória, rua sem saída e esse diabo de caminho do meio se existe, foge a minha vista, como o diabo da cruz.
Acho também que não confio em pessoas que se dizem equilibradas ou normais, é igual coelho da páscoa, simplesmente não existem. Também não sei se acredito em pessoas que possam mudar tão rapidamente, ou elas são bem loucas, ou não tem personalidade alguma, ou se mudaram tão rápido, podem fazer isso de novo num piscar de olhos e dai você nunca sabe com quem está lidando....
ok, estou nesse meu momento, esses meus textos andam conflituosos, andam escancarando minhas confusões, minha descrença em uma porção de coisas, mas a crise tem sua função, a verdade. Não me sacio de mais nada sem ela, preciso dela como preciso do ar, virou questão de sobrevivência. E não saio daqui até entender tudo o que quero.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Queria ser anunciada pela telefônica:
- Atenção, lalá temporariamente fora de serviço,
favor retornar em um mês.
Vou tentar voltar inteira, porque me quero demais.
Recuperar minha imagem que se perdeu em algum espelho.
Recuperar minha voz que se gastou num grito.
Recuperar meu olhar que ficou em alguma paisagem.
Depois disso, pago o conta e peço para telefônica religar.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Made in China


Que medo da China.
Outro dia na C & A, olhando umas roupas, várias etiquetas de Made in China nas roupas.
Comprei uma mochila no camelô em sampa e para minha surpresa quando cheguei em casa e fui mexer nela, lá estava a bendita etiqueta, Made in China.
Ontem no supermecado, vi umas canetas da Faber castell, no pacotinho, como só andava comprando caneta ruim ultimamente e elas paravam de funcionar em duas semana, resolvi comprar uma caneta "de marca", mas foi chegar em casa e abrir o pacote que o fantasma Made in China voltou a me perseguir e ele é bem pior que qualquer dragão, garanto.
Que horror, até a caneta de Faber castell é Made in China. Isso está virando paranóia, comecei a olhar o leite, o sabonete, os cotonetes, as havaianas pra ver se também era Made in China, porque o Made in China para mim já está sinônimo de Medo in China. É um país que me causa medo.
Não tenho muita paciência pra assistir jogos olímpicos, com raras excessões de família reunida pra ver uma coisa ou outra, bati o olho em alguns jogos, mas com as olimpíadas deu pra ver um pouco mais do que se tornou esse país. Acompanhei algumas matérias da globo, anteriores as olimpíadas, em que retratavam o cotidiano daquele povo, tão longe da gente e cujas mãos e olhos atentos fazem todos os produtos que tem vindo parar em minhas mãos e outros tantos em milhares de mãos mundo afora.
E mais medo da China. Lógico que tem todas as diferenças culturais e tentava pensar nelas para não julgar tão negativamente, mas foi impossível, minhas impressões do país são horríveis.
Um povo manipulado para um vigiar um a vida do outro, um povo em que as crianças não sabem mais o que são estrelas, um povo que trabalha doze horas por dia, que vive amontoando, que despreza as filhas mulheres. Um povo que virou a indústria do mundo?
No que se transformou essa cultura milenar, cujos homens e mulheres delicados faziam os objetos mais delicados que já vi na vida, pacientemente.
Um povo que teve grandes pensadores, mestres espirituais, filósofos.
Ah Confúcio, que pensarás ti sobre teu povo agora.
Tem uma história de lá que preciso contar, tem uma cidade lá no sul da China, que explorava minérios e acabou com uma montanha que era a paisagem principal da cidade.Solução do governo? Em vez de replantar as árvores para trazer a beleza de volta, pintaram a montanha de verde. O gasto disso foi absurdo, porque imaginem o trabalho de pintar essa montanha de verde, o tanto de tinta e mão de obra. É triste. Quando penso nas pinturas chinesas e agora me deparo com uma
montanha pintada
toscamente
de um verde
horrível,
é triste.
No ser humano
cabe tudo mesmo.



sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Escolhas

ai, socorro!
não consigo escolher nada, não estou me suportando...
não estava mais suportando o layout do meu blog, resolvi mudar,
mas até para mudar essas simples coisas está dificíl,
difícil escolher a cor, o modelo, a letra, ai tudo!
Enfim, fiquei com medo de mim mesma e
resolvi não abusar nas misturas.
Ele está tão sóbrio. Pelo menos ele.

Sobre a S.D.P.P

Odeio com todas as forças a S.D.P.P.
Essas pessoas que são quase um nada,
com pouca força de gente dentro de si.
Essas pessoas se utilizam da S.D.P.P.
para humilhar na primeira oportunidade.
Ontem fui vítima de uma dessas pessoas,
Sempre li sobre o cão farejador que vive
dentro das pessoas, esse cão farejador sente
o cheiro de sangue nas feridas e as persegue
até saciar-se. Ontem uma desclassificada, cujo
cérebro ocupa a porção bundal da figura,
utilizou sua mais baixa S.D.P.P para me humilhar,
para saciar o seu cão farejador as minhas custas.
Sai de lá, sim, sem reação, digerindo atitudes gratuitas,
discriminatórias e me deixei ficar triste, porque ando
sensível demais, flor da pele demais.Mas por figuras assim,
juro que não me deixo mais abalar.
Porque penso, e minha inteligência é minha salvação.
E agora as coisas vão ser bem pensadas e planejadas,
porque meu cérebro não está na bunda, não mesmo.
Não tinha noção que minha branquelísse, meus olhos
verdes, ou sei lá mais o que no meu físico pudesse
incomodar tanto, agora sei.
Sem fazer nada, pelo simples fato de assim o ser,
sem me achar melhor ou pior, sem ser melhor ou pior,
simplesmente por ser.
Digerindo, pensando, pensando muito.
Ah, não sabe o que é S.D.P.P?
Acho que a maioria das pessoas já foi vítima de S.D.P.P,
funcionários públicos se usam bastante disso, porteiros,
policiais, professores, enfim, é um recurso usual e nojento
de nossa sociedade, a síndrome do pequeno poder.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Labirinto

Sentia o vento embaraçando meus cabelos.
Era uma espécie de gozo entregar-me ao seu frescor,
juntamente com as folhas, mostrando-me leve,
mutável, pueril.
Olhava os outros e rindo-me pensava: vocês não vêem o que eu vejo!
E me deliciava só, buscando o máximo da sensação.
Pensava na loucura e em uma amiga que fora convidada pelos loucos
para permanecer no hospício com eles.
E nós, quem nos convidou a ficar aprisionados à Terra,
como vermes sedentos? Devorando o nirvana.
Que comportamento é esse confundido com a liberdade de ser e de viver?
Percorria o meu labirinto interno, o mais longo e
divertido entre todos os labirintos, pois nele, as paredes
são formadas por gente. É, e dos mais diferentes tipos.
E cada um quer orientar meu caminho de acordo com seus saberes.
E cada um tem suas verdades. Seus mitos. Seus medos.
E eu, perdida nessa confusão de pensamentos e
estranha mania de vida, dilacerada pela necrofilia alheia .
Se as pessoas do meu labirinto ficassem estagnadas,
ele seria fácil de percorrer. Mas não,
elas vão mudando de lugar e de repente,
encontro-as formando novos caminhos,
misturadas com outros tipos de gente.
Ao reencontrá-las, conheço melhor seu jeito de existir,
o que muitas vezes me causa repulsão, pois ser humano
é uma mistura de luz e excrementos.
Quando enojada e cansada lembrei que o labirinto
era interno e tudo dependia de mim, destrui ele,
em uma só explosão.
Cega pelas faíscas, momentaneamente, achei que seria feliz.
Porém, num novo toque entre minhas pálpebras,
enxerguei-me livre num imenso vazio.
Percebi, então, que minha liberdade não me levaria a
lugar algum, pois não havia mais nenhum caminho a percorrer.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Falta de terra

Que falta tem me feito a terra.
Tanta, que talvez hoje comeria terra pra me sentir conectada a ela.
Que falta tem me feito a terra, estar sobre algo sólido.
Poder construir, poder plantar, poder criar raízes.
Ficar de um lado pra outro é bom, mas cansa.
Estou etérea demais, aérea demais, pensamento demais.
Preciso de terra. Preciso de chão. Preciso do meu pedaço de chão.
Estou em guerra demais, preciso aquietar o peito, recolher os feridos,
voltar pra casa em paz.
Se poesia fosse concreto, construiria outro mundo.
Se pudesse faria as pessoas de barro,
para que elas não se esqueçam que são da terra.
Para que eu não me esqueça que sou de barro.
O barro que guarda tão bem o silêncio e o som.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Sobre a angústia

Porque não sei o que quero e que querem de mim. Ah, e precisa de mais algum motivo pra sentir angústia?
O que fazem as pessoas que não agüentam o mundo em que vivem e não tem coragem suficiente pra sair dele, por que precisa de muita coragem pra poder se matar e eu que sempre me achei corajosa, percebo-me cada vez mais covarde.
Alguém pode me dizer o que fazer?
Minha cabeça tem estado estranha, esqueci coisas importantes, que vão me fuder... Nossa, e eu que já estou fudida, vivendo sobre pressão interna e externa intensa, consegui me fuder mais um pouco. Por que me traio tanto? Por que faço isso comigo?
Alguma psicologia pra explicar o processo que faz a gente se autodestruir? Estamos num mundo que as pessoas têm câncer, olha isso, iniciar um processo de suas próprias células se dividirem desgovernadamente, trazer o caos da desordem do mundo para dentro do seu corpo. Reproduzir o caos dentro de si. Chega a ser bonito de tão triste que é.
Acho que não iniciei nenhum câncer em mim ainda, mas me sinto trazendo esse caos para dentro de mim, tentando entender essa bagunça, essa lastimável bagunça. E em meio disso, fica difícil lembrar daquela coisa importante para minha vida. Afinal o que é importante tem se perdido tanto por ai, porque também não vai ser perder aqui.
Disse-me Angélica: - olha, do jeito que anda as coisas, dar conta de si próprio por aqui, já é bastante.
Isso porque vivo me preocupando com a vida de todo mundo e deixei a minha virar isso aqui.
E mesmo assim, não deixo de sorrir, de brincar, de olhar para as pessoas nos olhos, de tentar me divertir... Devo ser bem louca mesmo, devo mesmo criar mecanismos de fulga inimagináveis para conseguir viver desse jeito. E pasmem, não me acabo nem nas compras e nem nas comidas.
Se vivemos num Matrix, alguém deve estar puto comigo, porque mesmo assim não me acabo no consumo. Gargalhadas minhas para os donos do sistema que não conseguiram me pegar ainda.
Por outro lado, uma hora vou ter que entrar em uma parte do jogo de novo, preciso voltar a trabalhar, preciso voltar para o “mercado”.
Ninguém por aqui anda fugindo do jogo de precisar ganhar grana e eu também não posso fugir. E pra isso a gente passa por cima de muita coisa que acredita, mesmo que a gente finja, disfarce, não ache que façamos isso com a gente, a gente faz sim, engole a seco muita coisa que não queria, que pensa ser de outro jeito, porque precisamos de emprego e da grana. Esse é nosso mundo, e volto pra pergunta do começo, o que fazem as pessoas que queriam viver de outro jeito? e acrescento: como ser livre?
Uma resposta óbvia é aquela de viver uma vida alternativa, plantar e colher.
Mas eu tenho o rabo preso com uma parte do sistema, tem uma parte do sistema que me interessa. Compro cinema, livros, cds, shows, computador, passagens.
É uma parte mais nobre da nossa sociedade capitalista, é sim! Mas fazer parte da nossa sociedade de informação, de cultura também custa dinheiro e como diz uma cantiga popular que conheço: dinheiro custa a ganhar (pelo menos de forma honesta, sim!). E daí, ficam essas contradições internas. Fica o quero, mas não quero. O faço, mas não faço. Sou, mas não sou. Jogo, mas não jogo. Estou, mas não estou.
O mundo dos que não queriam que ele fosse assim mesmo, que odeia as relações, o jogo sujo, as fragilidades das ligações humanas, o medo, o abuso, o uso, o caos, o tratamento do nosso meio ambiente. Mas ao mesmo tempo quer saber o que é ele, o quanto custa, o que se sabe, o que se faz de arte. Ah, nossas tão belas artes.
Estou lendo: O mal-estar da pós modernidade, do Zugmunt Bauman, aquele que percebe que tudo é líquido...o amor, os tempos, a modernidade...Rapaz, com tanta coisa líquida no que se apegar? Literaturas densas, típicas de como a vida é.
Mas voltando ao livro ainda estou no segundo capítulo, comecei ontem, mas já está borbulhando o primeiro capítulo, o sonho da pureza. Acho que um pouco do meu texto de hoje traz o que já se incorporou do livro em mim, e também de conversas difíceis ao pé do ouvido antes de dormir, e durma com um barulho desses, boa noite.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Dias de Chuva

Dias de chuva dentro e fora.
Olho pela janela é me dá uma alegria ver a chuva caindo, porque sinto como se fossem minhas lágrimas ganhando corpo.
Porque não teria tanta água pra chorar por tudo que queria.
Seria bom se tivesse, talvez esse ódio, esse amor, essa melancolia, esse desespero, essa saudade, essa espiritualidade pudessem sair por ai pra virar rio, desaguar no mar.
Mas talvez não sobrasse nada de mim.

Lembrei dessas palavras de Osho:
O Rio

"Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano, ele treme de medo.
Olha para trás, para toda a jornada, os cumes das montanhas,
o longo caminho sinuoso, através de povoados, e vê à sua frente
um oceano tão vasto que, entrar nele, nada mais é do que desaparecer
para sempre.
Mas não há outra maneira.
O rio não pode voltar.
Nem você pode voltar.
Voltar é impossível na existência;
você pode, apenas, ir em frente.
O rio precisa se arriscar e cair no oceano.
E somente quando ele entra no oceano,
o medo desaparece, porque apenas então,
o rio saberá que não se trata de desaparecer
no oceano, mas tornar-se oceano.
Por um lado é desaparecimento e por outro
é uma tremenda ressureição."

Pedaço de Mim

Duas pessoas me falaram que ficaram meio mal lendo meus textos...não sei se acho bom ou ruim!
Também, porque as coisas tem que ser boas ou ruins, mania dualista eterna.
Fiquei pensando no que a gente não quer ver, e como estamos nos acostumando a isso. Escondemos enquanto dá, mas chega uma hora que não dá mais.
Nos ônibus urbanos aqui de Salvador, é comum entrar gente pedindo e vendendo de tudo.
Nesses tempos de bus, já vi de tudo, alejado, aidético, feridas e mais feridas, todos querendo dinheiro para sua dor!
E me percebo fugindo disso -não quero ver sua ferida- olho pela janela.
Não quero expor a minha também!
E essas pessoas são tão abandonadas a sorte que querem tudo, sua energia, atenção, toque, alimento, dinheiro...qualquer coisa, já é alguma coisa!
Tinha épocas que estava sempre inteira, pra isso e pra outras coisas, hoje não, tem dia que falta um pedaço de mim e não posso dar nada.
" É assim como uma fisgada. No membro que já perdi"

domingo, 29 de junho de 2008

Dias na universidade

Minha alma suplica o real.
Quer ser atendida, inimagináveis os dias de desgaste.
Tanto suor e lágrimas para comprovação do saber. Um saber otário, ordinário, que se perde nesse cérebro prestes a se desmanchar.
Mas se eles querem meu sangue, terão o meu sangue só no fim!
Não agüento mais, mas tenho que agüentar.
Não agüento mais, mas tenho que agüentar.
Não agüento mais, mas tenho que agüentar.
Não agüento mais, mas tenho que agüentar.
Não agüento mais, mas tenho que agüentar.
Quero gritar, mundo que bosta você está.
Qual o caminho Thiago?
Por onde andar, me ensina que estou perdida, que estou desesperada.
E eu que queria apenas ser, não sei bem o que, mas queria ser, mas de repente pra ser era só nascer.
E hoje só pra ser, estou quase no morrer.
Sufoco-me, agrido-me, saio da cama para coisas que odeio.
Para ouvir os “professores”, essas técnicas academicistas, transmitidas sem nenhum pensar, mas com muito pesar, passar bem!
Ai, ai, professores de modo de vida infeliz, do sadismo, da penalidade, do egocentrismo. Viva a fogueira das vaidades.
Porque não se queimam logo pra acabar com isso.
E eu, o que faço no meio disso? Não sei como agir, me sinto fraca, impotente, só consigo gritar pros meus dedões, tão pra baixo que só meus pobres dedões podem ouvir.
Oh Deus, como queria que fosse real e carnal.
Como queria que fosse meu herói, que me tirasse dessa com o poder que imaginamos que você tem.
Mas você não é meu herói. E tudo que eu faço tem conseqüência, tudo o que eu passo é por que um dia eu fiz, de bom e de ruim.
Tudo é aprendizado, mas como aprender às vezes cansa.
Realmente sou dona da minha razão? Às vezes penso que sim, mas muitas vezes que não.
Que carga pesada é essa atrás de toda ação, em que estamos imersos?
Como mudar meu Deus, me ensina, apareça e me diga! Quero mudar, mas não consigo, sou fraca, logo desisto.
Para que serve minha força, só pra agüentar essa chatisse?
Precisava ser pra mais, né, Senhor!
Chega de contar os dias para acabar, chegar de olhar o relógio para ver se a hora passou, chega de olhar calendário, de esperar fim de semana, de esperar feriado, férias, aposentadoria, morte.
Está errado, não pode ser assim. Não posso estar aqui pra isso.
Que fim isso terá? Ensina-me a caminhar no real, ou me ensina ser forte para viver os meus sonhos, porque assim não agüento mais.
Como eu sei o que quer dizer “entre a cruz e a espada”. Também sei o que quer dizer, “se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”. Ah, eu sei! Não queria, mas eu sei. Que merda, eu não queria saber.
Que conquistas me esperam no meio dessa agonia para que o tempo passe, para que as coisas terminem logo?
Tenho medo, muito medo de levar uma vida medíocre, de continuar diminuindo horas, dias e anos.
Ufa, mais um passou! CARALHO!!!!
Onde estamos e pra onde vamos?
Que merda é essa a minha volta, queria não me sujar, mas ela tem pernas. Ela me persegue, ela quer me afundar. O cheiro está no ar e não há bom ar que mascare isso.
Vamos gastar todo o bom ar que o mundo for capaz de produzir, será que venceremos o cheiro da merda?
Que depre, não consigo superar a merda.
Fico obcecada por uma idéia quando começo a pensar nela.
Estou na biblioteca, as pessoas por aqui estão tentando, mas eu nem tentar consigo. Afundei-me aqui nessas palavras vomitadas, para limpar a mente.
Aliás, contraditório falar disso, limpar a mente falando de merda e vômito, mas é limpeza sim, quem disse que limpeza é só com desinfetante.
E eu que tantas vezes sou flor, e algumas outras o jarro de flor, hoje sou só excrementos, mas pra quem sabe de ciclo sabe que excremento é adubo pra muita coisa.
E juro que o fato de eu estar assim não é só culpa minha, sim, te culpo pela minha infelicidade e por elas estarem escritas aqui de modo tão infeliz, mas deixo você também me culpar pela sua. Vamos assumir nossas culpas, chega de disfarçar. Mas não muito, que demais eu não agüento.
De repente podemos partilhar culpas, fica mais leve pra você?
Eu ainda não sei, ando sabendo de poucas coisas por esses dias, mas haja o que houver eu vou tentar.
Um minuto de silêncio interno.
Que susto.
Minha mão não quer parar, parece que obcecada agora é ela, acho que ficou obcecada por essas palavras inúteis.
Coitada, vicia fácil.
Que vulnerável, chego a ter pena.
Aliás, agora a mente pegou gosto de novo. Para pensar sobre a pena.
O que é ter pena? Da onde veio a expressão?
Quem é mais merecedor de pena, quem sente pena ou o destinatário da pena?
Que coisa estranha sentir pena. Tem que ser muito superior pra sentir pena.
E sentir pena de nós mesmos, que fracasso, chega a dar pena.
Pena acumulada podia dar para voar. Ia ficar lá de cima, jogando minhas penas para os que ficaram. Uma a uma. Quem sabe lá de cima possa me sentir grande e superior.
Só ter cuidado para não cair.
Já cai do cavalo, quem nem é tão alto e dói à beça.
Meu braço está aqui para me lembrar dia após dia, dói, para que a lição esteja marcada. E eu ainda ri da menina que se estropiou caindo do próprio salto alto.
Agora minha vontade é de rir compulsivamente. Imagina cair e se estropiar do próprio salto alto. Que desequilibrada insana estou hoje.
Melhor manter distância antes que espirre em você.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

As fogueiras de São João

Bom, arrumei uma pesquisa para fazer durante o São João...
Bora, bora, vivo dura mesmo.
Saída de Salvador, rodoviária lotada, chapéu de palha em quase tudo que é cabeça.
6:30h da matina, meu ônibus ainda não havia chego, observava todo aquele movimento, aquele som alto de falança, gentes diversas, todo mundo tentando garantir seu São João no interior.
Do meu lado uma família, casal e dois filhos, já tinham passado pelo portão de embarque, pedindo informação sobre o ônibus em que iam. Fiscal pega a passagem, olha, diz - Sabe ver não, esse ônibus é pra 18:30 – Família se olha desolada, mulher abaixa a cabeça, o marido não sabe o que faz. Chama o Fiscal, explica que dormiram lá na rodoviária com as crianças, que são de fora, pede ajuda para trocar as passagens, que a sogra tinha comprado errado. Fiscal, sai falando alto pra que as pessoas escutem –Parece que não estudou, não sabe ver hora não! – Pisando em quem já ta por baixo, não precisava ter visto isso não, isso que me desculpem o julgamento, mas se o fiscal estudou, não foi muito mais não. Pensar em ajudar, imagina, naquela muvuca, lei do mundo: Salve-se quem puder! E ainda ouvi os cabras que estavam do meu lado, rindo e dizendo – É, esses vão esperar.
Bom, essa foi só a saída, viagem complicada, ônibus parando em tudo que é beco, levando um monte de gente em pé, quando entrava criança, alguém logo se dispunha a por no colo. E todo mundo pagando passagem, mas pergunta se dono de empresa quer por mais ônibus na linha, não é ele que vai em pé mesmo.
Bom, mas enfim, fui passar meu primeiro São João no interior, está certo que trabalhando, mas foi meu primeiro São João na Bahia.
Na Bahia, como em outros estados nordestinos, São João não só é feriado, como é quase sagrado. Diga-se de passagem, o congresso segundo os telejornais também resolveu fechar as portas, povo devoto esse, nossa Senhora os protejam! Logo pensei na fogueira deles, de certo com nosso dinheiro e não se enganem a fogueira é deles, mas quem se queima somos nós.
Mas voltando, não curti xote não, mas entrevistei um monte de gente pra saber como foi o deles, mais de 100.
Surpreendi-me, a maioria quer tradição de volta, mas se a maioria quer, porque essas porras de kalypso, calcinha preta e sei lá mais o que, o chamado “forró eletrônico”, vende tanto???
Cidade de 50 mil habitantes, bandeiras colorida pelas ruas afora, chapéu de palha que mal cabe na cidade de tão pequena. Casas com fogueiras, coisa bonita de ver. Mas prefeito bom é prefeito que faz festa, e o pessoal não está muito satisfeito com esse não, diz que é o do PT, é ruim, só quer investir no social, e está privilegiando os cantores regionais.
O povo quer atração famosa seu prefeito!!!
Ai, seu prefeito, na ambulância não precisava ter economizado, né? Afinal. Saúde é social e teve gente passando mal que não teve atendimento, seu prefeito.
Passadas todas as reclamações da festa e do prefeito desses dias, hora de pegar o chumaço de pesquisas e mala e pé na estrada. Ufa! A volta vai ser de carro.
Estrada de terra, pra fugir do tráfego. Velocidade lenta, árvores, cheiro de chuva, fim de tarde. Bucólico.
A luz estava linda, entre o claro e o escuro, aquela luz que acalma a agonia da alma. Rio rodeando.
Por ali fomos passando pelos povoados, crianças pelas ruas e de bicicleta. Casas de barro, mulheres, várias mulheres carregando seus baldes de água na cabeça e coisitias mais.
“olha pro céu meu amor, veja como ele está lindo”
O céu já estava ficando lindo, com as estrelas brilhando na falta de luz da
cidade, mas as mulheres não podem olhar pra cima. E nem pra baixo também, a cabeça se mantém toda firme, para que a água não venha toda ao chão.
Mas o que mais me tocou foram as fogueiras, porque fogo é símbolo forte. Aquelas casas simples, de barro, todas honrando São João, pois cada uma delas trazia sua fogueira à porta.
As fogueiras de olhares perdidos. Os homens que ali estavam também não olhavam pro céu, pois seus olhares se perdiam no fogo.
“Foi numa noite, igual a essa, que tu me deste seu coração”

Os dois lados do blog

Um dos lados é o pior, ou não, é uma coisa meio ego centrada, aqui são os meus pensamentos que mandam, minhas palavras. Divido os fatos que quero do meu cotidiano, coloco as coisas que eu estou afim. Tudo passa pelo meu crivo, que delícia!
O outro lado é que é democrático também, as pessoas lêem se estão afim, lêem enquanto agüentarem, pensam o que quiserem dele, e comentam o que estão afim também.
QUITES???

Por que um blog?

Sim, me peguei perguntando isso pra mim mesma, por que eu quero um blog?
Não veio uma resposta, mas percebi que as palavras andam pulando da minha cabeça, andam gritando demais também, o que faz com que minha cabeça doa.
Tinha que dar um jeito. Daí resolvi arrumar um lugar para elas.
Às vezes estou atravessando a rua e algumas escapam e com a falta de educação do motorista brasileiro (e dos soteropolitanos, com os quais ando convivendo, em especial) muitas morreram atropeladas.
Por vezes estou sensível e choro por elas, outros dias, nem tanto e me vem a infantilidade do bem feito, com os resquícios da corrida maluca: eu te disse, eu te disse, eu te disse.
Bom, mas vou tentar manter o foco (não o da dengue...piadinha Silvio Santos, ai minha cabeça é infame sim!). Por minha cabeça passam várias piadinhas bem sem graça, mas tem um ser que mora dentro de mim que se diverte com elas, passo tanta vergonha, ele ri prá caralho.
Mas voltando a pergunta, aliás toda tese tem que ter uma pergunta, por isso achei interessante começar meu blog assim, está certo que a pergunta é primária, mas enfim, a gente vai melhorando.
O certo é que achei que merecia um blog, porque tem coisas estranhas que penso e que fico com vergonha de contar e quando conto descubro que o fulano também pensa, mas também não conta pra ninguém.
Também penso coisas sérias, sou atenta às situações cotidianas, reparo em olhares, expressões, cenas que queria ter máquina na mão para guardar a imagem, reparo nas inquietações humanas e conversando vejo que elas também não são só minhas.
Sou fã do filme: QUERO SER JOHN MALKOVICH, porque adoraria estar dentro da mente das pessoas, nem que fosse por 15 minutos, sempre viajo na idéia de mente, em como as coisas se processam nas outras mentes, por isso esse filme realiza um desejo interno.
Enfim, nesse blog as pessoas vão estar dentro de minha mente por 15 minutos, porque é onde as palavras e os pensamentos que estão em minha mente ganham o seu lugar no mundo físico (mesmo que esse físico seja tão virtual).
E o que nasceu primeiro: as palavras ou o pensamento? Já discuti isso numa aula de filosofia, a aula toda, e nada de conclusão. Alguma sugestão?
Confesso que tenho aquela vontade que ficou estagnada em mim, porque um dia uma pessoa me disse, o homem em sua existência tem que fazer três coisas: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Outras pessoas voltaram a me falar disso em outras fases da vida e isso aqui dentro ficou. Das três realizações, só fiz a primeira, que pela condição ambiental do mundo, acho que é a mais justa, as outras duas é aquela incerteza do resultado. Mas mesmo assim, quero tentar ambas, em sua redundância absoluta!
Por esses dias, depois de assistir por dois dias seminário sobre Milton Santos, ele tem conversado muito comigo, e me trouxe essas reflexões sobre ocupação de espaço. Pronto, resolvi dar voz para as palavras e que elas ocupem seu espaço. Que entrem ai em sua mente pra dar um “rolezinho”, se fizerem cócegas, melhor ainda. Adoro quando elas causam algum efeito.
Aliás, já pararam para pensar como é louco o processo? Porque as palavras estão aqui dentro de mim, de repente começam a ocupar espaços físicos, papel, computador. De repente vão para o virtual, a internet, e da internet virtualmente estão no mundo e pelo mundo (relativizem a pretensão) olhos na tela levam as palavras para o indivíduo e de repente vai parar dentro dele. Então, as palavras que saíram de mim, de repente estão em você. E de repente você nem me conhece, mas está dentro de mim por uns instantes e quando isso acontece, estou dentro de você também, porque meu pensamento foi parar ai.
E assim, criamos uma intimidade que existe em algum plano, porque no outro nós nem sabemos direito quem somos.