quarta-feira, 29 de julho de 2009

um causo de morte

Depois de tempos sem escrever em meu blog,
quase engolida pelo cotidiano, volto por um
causo que não podia deixar de contar.
Peço desculpas de antemão por escancarar o enterro
do morto em questão, porque era moço decente e
sorridente, moço de bom coração.
Mas o causo é muito bom e apesar de morte sempre
ser triste, essa teve pormenores tragi-cômicos que
mereciam ser narrados.
O causo aconteceu no interior de São Paulo,
e me chocou porque trouxe pra perto de mim
a gripe suína, que pensava estar tão distante,
no mundo negro das mídias sensacionalistas.
Agora posso dizer que conheço alguém que morreu
da gripe dos porquinhos.
Bom, ouvi a história pela ex-mulher do sujeito,
cujo casório vi consumar há anos atrás e, situando o leitor,
acabou pela língua felina da sogra, informação essa
importante pro desenrolar da história.
Sei lá se por destino ou sorte, nunca senti na pele o poder
da intromissão na face perversa dessas mães
desequilibradas em relação aos filhinhos,
que se junior então, diz a estatística que aumenta
a influência na relação conjugal,
e está montado o inferno matrimonial.
No caso do falecido em questão, mamãe estava de plantão,
estragando tudo o que é relação.
E minha amiga, a ex-esposa e a ex-odiada pela sogra,
no velório se tornou o ouvido para jararaca despejar
todo seu veneno falando mal da atual, que estava
em prantos pelo amado, agora ali, estatelado.
Pois bem, diante dos fatos de morte, e do mistério H1N1,
a pedido da família foi feita a necrópsia no morto,
que pesava mais de 150kG e por conta do peso,
acabou mal costurado pra voltar pro caixão.
A certa altura do velório, os líquidos do falecido
começaram a escorrer e os encarregados do defunto,
pra evitar constrangimento geral da nação,
depressa foram tentar colocar o mesmo,
numa outra posição. A tentativa era,
controlar o escoamento e evitar que a meleca,
que já estava nos pés da mamãe, rolasse pelo chão.
Mas, por falha técnica e excesso de peso do morto,
perdeu-se o controle do caixão, que de forma certeira
atingiu a boca da mãe, arrancando-lhe um dente.
Fica a dúvida, se o morto deu seu jeito de se vingar
da língua maldita da mãe ou se foi apenas um
acaso recheado de ironia.
O fato foi que o filho conseguiu que a mamãe,
ao menos no enterro, ficasse calada as custas da
falta de dente e de sua boca inchada,
deixando finalmente em paz, suas ex-amadas.