quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Ontem descobri onde ela mora

A primeira vez que a vi, foi de manhã. Perto das 6 da manhã, no ponto de ônibus (minhas histórias de ônibus tem rendido, afffff).
Percebi ela desde o primeiro dia, por causa de seus trajes.
Ela vestia um vestido xadrez, nas variações de cor entre branco, cinza e preto. Um xadrez mediano, nem muito grande, nem tão pequeno.
Era um vestido tipo jardineira, até o joelho, com um fecho de couro e fivela um pouco abaixo dos ombros e por baixo camisetinha branca justa. E nos pés, botas, botas curtas e sem salto.
Claro, ela me chamou a atenção pelas roupas, por estar em Salvador, não é o tipo de roupa que as pessoas usam por aqui, principalmente pelo fato das botas estarem na ativa logo cedo.
De resto, um biotipo comum, nem gorda, nem magra, cabelos soltos, nem enrolados, nem lisos, nem loiros, nem pretos. Olhos castanhos. Pele clara, com bochechas tendendo ao rosado.
Enfim, essa foi só a primeira vez que a vi. Depois disso, encontrei com ela no ponto mais algumas vezes (não seguidas) e para minha surpresa, ela sempre estava com a mesma roupa. Comecei então a reparar nela cada vez mais, porque além de ser uma roupa engraçadinha, percebi que ela realmente gosta dela.
Até que um dia, de passagem pela faculdade de arquitetura, a vi novamente, ela estava lá com amigos. Pronto, descobri o curso dela e para não mais surpresa nem minha, nem de quem lê, a mesma vestimenta.
E assim, fui reunindo informações, brincando com meu imaginário sobre a vida alheia (e falta do que fazer!!!).
Ontem, voltando pra casa já a noite, encontrei essa minha quase vizinha entrando em seu prédio. Vi ela de costas, com seu vestido xadrez e suas botas caminhando com o ar cansado do fim do dia. Ela mora num prédio bom, com certeza tem outras roupas e condições de comprar mais roupas, mas acho que descobri a roupa preferida dela.
Também já sei onde ela mora e que curso faz.
Agora, espero não encontrar ela com outras roupas, vai ser frustrante. Quero manter o meu imaginário sobre a menina que só gosta de uma roupa. É bem mais divertido assim.

Um comentário:

sivas disse...

Adorei a descrição...Digna de um conto. Aliás, já pensou em escrever um conto sobre isso ? Poderia, inclusive, ser um conto com duas narrativas: essa, que vc fez (do olhar sobre a "menina de xadrez") e a outra seria do olhar dela sobre vc (a menina de olhos verdes e sua mochila enigmática)...rsrsrs
bjs