sexta-feira, 27 de junho de 2008

Por que um blog?

Sim, me peguei perguntando isso pra mim mesma, por que eu quero um blog?
Não veio uma resposta, mas percebi que as palavras andam pulando da minha cabeça, andam gritando demais também, o que faz com que minha cabeça doa.
Tinha que dar um jeito. Daí resolvi arrumar um lugar para elas.
Às vezes estou atravessando a rua e algumas escapam e com a falta de educação do motorista brasileiro (e dos soteropolitanos, com os quais ando convivendo, em especial) muitas morreram atropeladas.
Por vezes estou sensível e choro por elas, outros dias, nem tanto e me vem a infantilidade do bem feito, com os resquícios da corrida maluca: eu te disse, eu te disse, eu te disse.
Bom, mas vou tentar manter o foco (não o da dengue...piadinha Silvio Santos, ai minha cabeça é infame sim!). Por minha cabeça passam várias piadinhas bem sem graça, mas tem um ser que mora dentro de mim que se diverte com elas, passo tanta vergonha, ele ri prá caralho.
Mas voltando a pergunta, aliás toda tese tem que ter uma pergunta, por isso achei interessante começar meu blog assim, está certo que a pergunta é primária, mas enfim, a gente vai melhorando.
O certo é que achei que merecia um blog, porque tem coisas estranhas que penso e que fico com vergonha de contar e quando conto descubro que o fulano também pensa, mas também não conta pra ninguém.
Também penso coisas sérias, sou atenta às situações cotidianas, reparo em olhares, expressões, cenas que queria ter máquina na mão para guardar a imagem, reparo nas inquietações humanas e conversando vejo que elas também não são só minhas.
Sou fã do filme: QUERO SER JOHN MALKOVICH, porque adoraria estar dentro da mente das pessoas, nem que fosse por 15 minutos, sempre viajo na idéia de mente, em como as coisas se processam nas outras mentes, por isso esse filme realiza um desejo interno.
Enfim, nesse blog as pessoas vão estar dentro de minha mente por 15 minutos, porque é onde as palavras e os pensamentos que estão em minha mente ganham o seu lugar no mundo físico (mesmo que esse físico seja tão virtual).
E o que nasceu primeiro: as palavras ou o pensamento? Já discuti isso numa aula de filosofia, a aula toda, e nada de conclusão. Alguma sugestão?
Confesso que tenho aquela vontade que ficou estagnada em mim, porque um dia uma pessoa me disse, o homem em sua existência tem que fazer três coisas: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Outras pessoas voltaram a me falar disso em outras fases da vida e isso aqui dentro ficou. Das três realizações, só fiz a primeira, que pela condição ambiental do mundo, acho que é a mais justa, as outras duas é aquela incerteza do resultado. Mas mesmo assim, quero tentar ambas, em sua redundância absoluta!
Por esses dias, depois de assistir por dois dias seminário sobre Milton Santos, ele tem conversado muito comigo, e me trouxe essas reflexões sobre ocupação de espaço. Pronto, resolvi dar voz para as palavras e que elas ocupem seu espaço. Que entrem ai em sua mente pra dar um “rolezinho”, se fizerem cócegas, melhor ainda. Adoro quando elas causam algum efeito.
Aliás, já pararam para pensar como é louco o processo? Porque as palavras estão aqui dentro de mim, de repente começam a ocupar espaços físicos, papel, computador. De repente vão para o virtual, a internet, e da internet virtualmente estão no mundo e pelo mundo (relativizem a pretensão) olhos na tela levam as palavras para o indivíduo e de repente vai parar dentro dele. Então, as palavras que saíram de mim, de repente estão em você. E de repente você nem me conhece, mas está dentro de mim por uns instantes e quando isso acontece, estou dentro de você também, porque meu pensamento foi parar ai.
E assim, criamos uma intimidade que existe em algum plano, porque no outro nós nem sabemos direito quem somos.

Nenhum comentário: