sábado, 1 de novembro de 2008

Sísifo

Me sentindo Sísifo em meio as obrigações, na pedra diária que tenho que empurrar ladeira acima.
O cansaço e a falta de tempo faz com que não esteja conseguindo escrever muito, mas os pensamentos não param, nos pequenos momentos, dentro do ônibus, tomando banho, enfiando o garfo na boca, e por isso me sinto Sísifo, que desafia os deuses por não desistir de pensar, seja como for...
Me deu vontade de dividir duas frases boas de minha semana, a primeira veio de uma palestra muito boa que assisti, é o paradoxo de Gramsci," Viver numa época em que a velha ordem agoniza (levando consigo a civilização) enquanto a nova ordem parece não ser capaz de nascer. Mas, ao menos, pode ser noticiada".
A outra li no blog de Maíra, uma amiga que anda longe, http://cinetextos.blogspot.com/, achei a frase muito boa, é de Abílio Hernandez: “na literatura, de tempo em tempo temos um espaço e no cinema de espaço em espaço construímos um tempo”. Simples e perfeita, não?
Sim, e esses tem sido temas recorrentes em meus pensamentos, questões referentes a crise de nossos dias e nosso estranho tempo! O tempo se perdeu no nosso referencial, já teve épocas em que a humanidade pensou que controlava o tempo, inventou relógio e tals, mas quem ainda pensa em controlá-lo é mais louco que ele, pois ele tem se esvanido de uma maneira bem fora de nossos controles. E daí ficamos reinventando ele e as maneiras de lidar com ele, tentando enquadrar nossa rotina, quase de forma escrava para satisfazê-lo.
E essa nova ordem, de dias e tempos novos, que não chega nunca. Inventamos disco voador vindo pra terra pra nos salvar, teorias, planeta chupão, fim dos tempos, apocalipse. Eu própria me apego a isso pra esperar essa mudança...juro que queria fazer com meus próprios braços, mas não sei. Então sento e espero, ouço todas as teorias, acredito em quase todas num desespero sem palavras para que essa nova ordem chegue logo e como no paradoxo, tem dias que agonizo, quase morro.
Mas como não morro, no dia seguinte continuo empurrando a pedra morro acima até o limite de minha resistência. Observando a inutilidade de trabalhos mil, mas pensando, sempre, em todo e qualquer segundo de tempo. E que me perdoe Zeus, mas vou adiante.
E você Senhor Tempo, bom com você eu me entendo diretamente. Ainda acertamos nossos relógios de acordo com a sua, ou com a minha imaginação, com a sua, ou com a minha loucura.

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