quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Vergonha ?!!


Postagens escassas = Tempo escasso !
Fórmula simples e fácil de decorar e,
mais fácil ainda de deduzir.
Até pessoas que, como eu, andam com a memória
bem comprometida, quase
que batendo as botas, vão se ligar.

Pois bem, volto hoje para escrever sobre a vergonha.
Eu que sempre morri de vergonha,
e sentia mais vergonha ainda de sentir vergonha,
hoje acordei pensando nela.
AFFFFF, perdi a conta das vezes
em que fiquei vermelha de vergonha na vida.
E dai, sentia a pele em chamas e isso me dava mais
vergonha, num ciclo que em instantes,
se faziam séculos.

E criei ódio por ela, que me acompanhava
nos trabalhos apresentados em sala de aula,
nas paqueras, nas emoções mal controladas,
nas situações que não sabia pra que lado correr.
Ainda não sei lidar totalmente com ela,
mas a idade, com certeza, me deixou
mais cara de pau.
A primeira vez que achei bonitinho ter vergonha,
foi quando um professor disse que as mulheres
que ainda ficam com as faces rubras estão
cada vez mais raras.
Pode até ter um certo toque machista a frase,
mas valeu pra eu me sentir rara...rs, mas
também, especialmente, para eu ver a vergonha
com outros olhos.
E hoje, talvez mais madura, ou menos medrosa
(observe que o mais madura não significa
maturidade plena e o menos medrosa
que eu não tenha medo de mais nada, apenas
melhorei. Eu acho...rs), minha leitura
é que um tanto de vergonha não faz mal
a ninguém.
Quando vejo a maneira que se comportam
políticos, banqueiros, grandes empresários,
alguns artistas ou mesmo pessoas
comuns ao nosso dia-a-dia, lamento
muitas vezes a ausência de vergonha
em suas vidas, pois descobri que a
vergonha dá o tom da ética e põe
limites comportamentais.
E, como sou generosa, sinto daí a
vergonha alheia.
Sinto vergonha daquela mulher
que veste uma saia minúscula,
sobe no salto fino, bebe todas
e mostra as calçolas,
Sinto vergonha das cantadas
que os "malas mens"
passam nas mulheres,
com esperança que dê
em alguma coisa...
Há algumas semanas, aqui
em Salvador, teve uma palestra com o
superintendente do meio ambiente
da prefeitura.
Cara, senti vergonha por ele.
Um senhor, que deve ser avô,
não tem vergonha de não ter
palavra, de não poder se posicionar,
de olhar pra gente com a cara mais
deslavada do mundo de quem deve,
nega e não tem honra, senti tanta
vergonha por ele.
E assim, vendo tudo que
já vi nessa vida, quero hoje
agradecer toda a vergonha
que me cabe nesse mundo.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

um causo de morte

Depois de tempos sem escrever em meu blog,
quase engolida pelo cotidiano, volto por um
causo que não podia deixar de contar.
Peço desculpas de antemão por escancarar o enterro
do morto em questão, porque era moço decente e
sorridente, moço de bom coração.
Mas o causo é muito bom e apesar de morte sempre
ser triste, essa teve pormenores tragi-cômicos que
mereciam ser narrados.
O causo aconteceu no interior de São Paulo,
e me chocou porque trouxe pra perto de mim
a gripe suína, que pensava estar tão distante,
no mundo negro das mídias sensacionalistas.
Agora posso dizer que conheço alguém que morreu
da gripe dos porquinhos.
Bom, ouvi a história pela ex-mulher do sujeito,
cujo casório vi consumar há anos atrás e, situando o leitor,
acabou pela língua felina da sogra, informação essa
importante pro desenrolar da história.
Sei lá se por destino ou sorte, nunca senti na pele o poder
da intromissão na face perversa dessas mães
desequilibradas em relação aos filhinhos,
que se junior então, diz a estatística que aumenta
a influência na relação conjugal,
e está montado o inferno matrimonial.
No caso do falecido em questão, mamãe estava de plantão,
estragando tudo o que é relação.
E minha amiga, a ex-esposa e a ex-odiada pela sogra,
no velório se tornou o ouvido para jararaca despejar
todo seu veneno falando mal da atual, que estava
em prantos pelo amado, agora ali, estatelado.
Pois bem, diante dos fatos de morte, e do mistério H1N1,
a pedido da família foi feita a necrópsia no morto,
que pesava mais de 150kG e por conta do peso,
acabou mal costurado pra voltar pro caixão.
A certa altura do velório, os líquidos do falecido
começaram a escorrer e os encarregados do defunto,
pra evitar constrangimento geral da nação,
depressa foram tentar colocar o mesmo,
numa outra posição. A tentativa era,
controlar o escoamento e evitar que a meleca,
que já estava nos pés da mamãe, rolasse pelo chão.
Mas, por falha técnica e excesso de peso do morto,
perdeu-se o controle do caixão, que de forma certeira
atingiu a boca da mãe, arrancando-lhe um dente.
Fica a dúvida, se o morto deu seu jeito de se vingar
da língua maldita da mãe ou se foi apenas um
acaso recheado de ironia.
O fato foi que o filho conseguiu que a mamãe,
ao menos no enterro, ficasse calada as custas da
falta de dente e de sua boca inchada,
deixando finalmente em paz, suas ex-amadas.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Tostines

Meu olhar-percepção-pensamento
aguçados me deixam mais triste
ou minha tristeza aguça
meu olhar-percepção-pensamento?

Cata-Vento

Na contramão dos caminhos,
gasto toda minha energia
pra alimentar meu rodamoinho,
e ver esta energia voltar a ser vento.
Ainda encontrei Sancho Pança,
desculpei-me por abandonar o sonho,
mas cansei de lutar com dragões.
Dulcinéia desceu da torre e ninguém
foi buscá-la.
Logo ali na frente, sorri quando percebi
meu vento captado no cata-vento de uma
pequena mão.

As botas estão na ativa

Essa semana encontrei as botas, e agora sei, elas continuam na ativa.
A temperatura anda quente lá fora, mas as botas brigam para não
ficarem na sapateira.
Reparei bem nelas, pra perceber o quão desgastadas estão,
afinal, daqui a pouco, já faz um ano que as acompanho pelas ruas.
E sim, reparei no couro mais macio, levemente desgastado, uns riscos brancos.
Elas envelheceram nesses tempos, mas continuam dispostas.
Acordam cedo para proteger uns pés que vivem num
prédio aqui perto, pegam ônibus e estudam na faculdade de arquitetura.
Dessa vez, acompanhavam uma saia preta e uma blusa qualquer.
Por onde anda o fiel companheiro, o vestido xadrez?
Estará furado, remendado? Será que foi doado?
Ou somente conta os dias para sair do armário?
Esperemos.

terça-feira, 3 de março de 2009

Parte 3 - O Carnaval

Sai de Salvador com seu famoso carnaval, para ir à sampa trabalhar de jurada no desfile das escolas de samba.

O carnaval de São Paulo tem suas origens a partir do Samba de Bumbo, que vem lá das senzalas.
E foi se transformando e se assemelhando mais ao carnaval do Rio, para ter mais apoio financeiro da prefeitura e mais visibilidade no carnaval do Brasil.

Mas ainda guarda peculiaridades na organização, normas e nos tipos de samba.
E é um carnaval corajoso, a verba é em geral 10 vezes menos do que a do carnaval do Rio (5 milhões),e é lindo, as fantasias e alegorias melhoram ano após ano.

E pra gente que trabalha é um trampo maravilhoso, mas complicado.
Sabemos da competitividade das escolas e isso traz uma marcação ferrenha em cima do nosso trabalho.
Os presidentes das Escolas de Samba mal sabem o quanto que muitos de nós, jurados, sofremos para penalizar as escolas. E falo isso por mim e por comentários de vários colegas.
Quantas vezes na noite ficava torcendo para elas não cometerem erros, para elas brilharem.
E quando uma escola passa perfeita, como foi a Mocidade esse ano - a campeã do desfile, é de arrepiar, é emocionante. Vibramos também.
Se eu pudesse gritaria para todos os presidentes: -Não é bom tirar nota, não tenho nenhum prazer sádico com isso, pelo contrário, faço isso triste e por justiça a escola que não errou.

Os presidentes querem um campeão (e cada um quer sua escola nessa posição, é claro), a competitividade existe e alguém precisa estar lá julgando para haver ganhadores. Parece óbvio, mas não sei se todo mundo percebe isso. E as regras, são eles próprios que estabelecem.

Vida de jurado não é mole não.
Já entramos na avenida vaiados, como se fossemos os inimigos do carnaval.
Sabe, jurado tem que ter duas mães, uma para ficar na da boca do povo e a nossa que mantemos guardadinhas em casa. Avisei a minha antes da apuração para estar preparada e disse que iam xingar a outra, que não era ela não...rs.
Meu tio logo depois que a torcida da Vai-Vai gritou para mim filha da puta, ligou pra minha mãe e disse: - viu como vc tá famosa, tá na boca do povo! Ainda bem que a família tem bom humor.

Adoro os sambas da Vai-Vai, o desfile da Gaviões, duas escolas que precisei tirar nota, e foram lindas. Amei a criatividade deles, o desfile todo. Mas ambas escolas cometerem pequenos deslizes que precisaram ser apontados, e é só isso que a nota reflete.

Não é bom ser a estraga prazer. Sabemos o quanto as escolas se preparam, investem tempo, sentimento,dinheiro, comunidades inteiras se dedicando de corpo e alma. Investem muito no desfile, que em geral são lindos mesmo!
Não sou filha da puta!!!! Apesar de no fim, até achar graça da manifestação, não é de sacanagem nunca, que tiramos nota.
E queria que todos soubessem que só avaliamos os critérios que foram desenvolvidos por eles prórpios. Ninguém quer fuder escola nenhuma.





























O desfile das campeãs foi marcado pela insatisfação com notas de alguns jurados.
Meio tragi-cômico.
Não pouparam esforços para demostrar o que sentem. Não sei se esse é o espaço, e se é a melhor forma de diálogo, tiraram a beleza e a leveza do carnaval, mas enfim, é a liberdade de expressão, a deles, na avenida e a minha, aqui nesse blog.

Parte 2 - Salve Yemanjá!


Fiquei emocionada. Foi a primeira vez que consegui passar a festa de Yemanjá aqui em Salvador. Com muita expectativa esperei esse dia 2 de fevereiro, pra homenagear minha mãe-Yemanjá, protetora dos mares e mãe de todos os orixás.
Segui orientação de amigos, que disseram que a homenagem melhor de ser feita é logo cedo, antes das 8 da manhã, quando o clima ainda está leve, antes dos foliões e da bebedeira que toma conta da festa.


Impressionante como as festas na Bahia acabam
ficando todas com a mesma cara do carnaval.

Assim, cedinho lá estava eu. A fila para mandar a rosa dentro da cesta no barquinho para alto mar é enorme, já nas primeiras horas da manhã e assim segue durante o dia todo. Preferi fazer a minha maneira, jogando minha rosa direto e prestando meu devotismo a essa figura tão simbólica de nossos mares. Me arrepiei toda, realmente é uma energia que não se explica.












Essa festa de Yemanjá tem aspectos interessantes, pois é a única festa de uma orixá que também é comemorada, como são festejados os santos católicos. Além de ser uma figura mitológica dos pescadores, Yemanjá está presente fortemente na Umbanda e Candoblé, mas é um orixá que caiu nas graças e simpatia de boa parte da população, independente da religião.


Nas areias, as tendas de candomblé para garantir os ritos e a estrutura necessária para oferendas e devoção, através dos altares, ervas etc. Logo que cheguei, um homem de uma das tendas perguntou se eu queria a benção de ervas, disse que sim, e ele fez a tal benção e depois queria 10 reais. Desculpei-me e não dei, odeio essas surpresas de valor no final. E aprendi - nada é de graça, nem a benção.
Mas fora isso, a festa deles é uma festa linda, simbólica, comandada pela energia dos atabaques.

Meio da manhã as ruas já estão tomadas por completa. O Comércio local vai de rosas, presentes para a rainha do mar e comidinhas e bebidinhas aos montes. Assim, como o passar do dia, mais bêbados se encontra pelo caminho e pior vai ficando a qualidade das músicas.

Mas para os de bom gosto, tem refúgios por perto para garantir o nível do som.

Como bióloga, sempre tive a preocupação com “os presentes” mandados para o mar. Presentes que incluem bonecas, pentes, espelhos, perfumes com frascos, sabonetes. Sabemos o quanto isso interfere no ecossistema aquático e que essa necessidade de materizalização é muito mais humana do que do orixá.

Esse ano teve uma iniciativa muito bacana e corajosa do Instituto Nzinga de Capoeira Angola que foi bem legal, deram uma triada nas oferendas para ir menos lixo para o mar. Com o slogan "Yemanjá protege a quem protege o mar” começa a mudança de hábitos culturais antigos e enraizados. A campanha tem que ser feita com cuidado, porque mexe na crença de um bocado de gente,
mas tem que ser feita, para que Yemanjá não morra no meio do lixo que vai pro mar.

Salve Yemanjá!!! Desta vez a frase vai no duplo sentido!



























quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

As festas de fevereiro – Bahia, Terra de todos os santos. Parte 1 - XIV Festival de Verão Ratha-Yatra














O festival de Ratha Yatra é o festival para Consciência de Krishna.

O Ratha-yatra, ou o das carruagens, tem sido festival
celebrado na cidade santa de Jagannatha Puri, Índia, por
milhares de anos, tornando-o uma das celebrações religiosas
mais antigas do mundo.

Em 1968, o fundador-acharya da ISKCON, A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, organizou na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos, o primeiro Ratha-yatra do Ocidente. Hoje em dia este antiquíssimo festival religioso é realizado todos os anos em diversas das maiores cidades do mundo, incluindo Nova Iorque, Los Angeles, Washington, Londres, Paris, Zurique, Calcutá e Sidney.

A procissão de Ratha-yatra tem como modelo o milenar festival do mesmo nome em Orissa, Índia, e apresenta três carruagens belamente ornamentadas, pesando cinco toneladas e medindo dezesseis metros.. Elefantes decorados, carros alegóricos, dança e canto, fazem parte da ocasião festiva. Em todas as comemorações de Ratha-yatra nas diversas partes do mundo, as pessoas presentes ao festival assistem a uma grande variedade de eventos e exibições culturais. As apresentações incluem peças de teatro, músicas, danças, belas artes e exibições primorosa sobre reencarnação, vegetarianismo e ciência védica. Além disso, às centenas de milhares de visitantes é servido um autêntico banquete contendo diversos tipos de preparações
Adaptado de http://pt.krishna.com/main.php?id=396













Jagannatha, Baladeva e Subhadra


Ocorrido em 01/02/2009, em Salvador esse festival ganha tons e sabores especiais.


















O Ratha-Yatra é um festival de rua de origem indiana e que ocorre em várias partes do mundo.

Este é tão antigo que antecede a existência do subcontinente Índia. Em Salvador, cidade plural na qual se multiplicam os cortejos e festas de largo, a ISKCON-Bahia realiza o Desfile de Carro. O grande e colorido carro de madeira do Festival Ratha Yatra, decorado com flores, puxado por cordas pela orla.

A festa que começou tranquila, logo ganhou o rítmo dos tambores e o axé da Bahia, com carro de som e tudo mais. Propositalmente, a festa ocorre no circuito contrário ao carnaval da Bahia, seguindo de Ondina até o farol da Barra e foi acompanhado pelo grupo de percussão baiano E2.
Na terra de todos os santos, os indús também recebem sua merecida adoração à moda baiana, como não podia deixar de ser. Esta interação entre a cultura védica “indiana” e a cultura baiana já vem ocorrendo há treze anos.

O público é formado por devotos, simpatizantes (me incluo nessa classe), curiosos e perdidos (os que nem sabiam de nada, vêem o borburio e lá se metem sem saber o que é – ouvi esse relato de alguns) e são levados apenas pelo toque dos tambores, já em clima de carnaval.

Os mantras que são cantados tradicionalmente de foma calma e tranquila, ganham a roupagem axé, no seu mais puro swing, fazendo com que todos pulem ao som dos Hare Krishnas.



O clima é bom, sem a violência que é marca dos carnavais de Salvador e ao fim do trajeto ainda há distribuição de sorvetes, sucos e lanches vegetarianos – deliciosos por sinal. Tem coisas que só se vê na Bahia.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

As primeiras impressões se confirmam

Ontem peguei o ônibus do cobrador de luvas brancas.
Ele realmente é muito esquisito.
Segundas impressões confimando as primeiras.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Homem-placa

Não ando muito animada em escrever não.
Aliás ando é fugindo de transformar em
palavras certos sentimentos e sensações,
e quando as trasformo, to deixando aqui guardadas no íntimo.
Mas voltei hoje pra falar de cotidiano.
Falar de cenas e situações cotidianas é mais fácil,
ou não, quando internalizamos a desgraça de nossos tempos.
Na verdade, estou falando de uma situação que eu, pelo menos,
nunca tinha visto.
E então não sei se é cotidiano, ou se está para se tornar um.
Um homem placa no semáforo. Até ai nada novo.
Mas acho isso horrível. Geralmente esses homens
e mulheres, jovens e até crianças placas são usados
pra fazer propaganda de políticos, imóveis, venda de ouro.
A troco de uma mixaria ficam ali utilizando seus corpos
como mensagem. Prostitutos de um markenting barato.
Por idéias e produtos sem significado para si.
O de hoje agia por causa própria, aqui na cidade de Salvador.
Mas não sei se isso é vantagem.
Trazia a seguinte mensagem:
S.O.S. Preciso de um emprego.
Edvaldo. 8871-8923
( nº fictício aos desavisados)
Que pedido de socorro. Verbalizado na mensagem.
E escancarado no corpo.
Exposto ali, para comentários, piadas, piedade,
oportunidades, quem sabe?
E exposto aqui em meu blog porque,
Edvaldo, eu precisava falar de você,
que mexeu comigo nessa manhã de hoje.