domingo, 28 de setembro de 2008

Paradoxo do Dia

Viver livremente, em função
do medo das amarras.

Sensorial do Dia

Se as sensações sensoriais são quatro, por que haveria de contentar-me com apenas uma?
Meu deleite é no doce, não poderia ser diferente.
Aprecio com moderação o amargo.
Me rebelo no azedo,
mas sacio-me mesmo, é no ácido.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Ontem descobri onde ela mora

A primeira vez que a vi, foi de manhã. Perto das 6 da manhã, no ponto de ônibus (minhas histórias de ônibus tem rendido, afffff).
Percebi ela desde o primeiro dia, por causa de seus trajes.
Ela vestia um vestido xadrez, nas variações de cor entre branco, cinza e preto. Um xadrez mediano, nem muito grande, nem tão pequeno.
Era um vestido tipo jardineira, até o joelho, com um fecho de couro e fivela um pouco abaixo dos ombros e por baixo camisetinha branca justa. E nos pés, botas, botas curtas e sem salto.
Claro, ela me chamou a atenção pelas roupas, por estar em Salvador, não é o tipo de roupa que as pessoas usam por aqui, principalmente pelo fato das botas estarem na ativa logo cedo.
De resto, um biotipo comum, nem gorda, nem magra, cabelos soltos, nem enrolados, nem lisos, nem loiros, nem pretos. Olhos castanhos. Pele clara, com bochechas tendendo ao rosado.
Enfim, essa foi só a primeira vez que a vi. Depois disso, encontrei com ela no ponto mais algumas vezes (não seguidas) e para minha surpresa, ela sempre estava com a mesma roupa. Comecei então a reparar nela cada vez mais, porque além de ser uma roupa engraçadinha, percebi que ela realmente gosta dela.
Até que um dia, de passagem pela faculdade de arquitetura, a vi novamente, ela estava lá com amigos. Pronto, descobri o curso dela e para não mais surpresa nem minha, nem de quem lê, a mesma vestimenta.
E assim, fui reunindo informações, brincando com meu imaginário sobre a vida alheia (e falta do que fazer!!!).
Ontem, voltando pra casa já a noite, encontrei essa minha quase vizinha entrando em seu prédio. Vi ela de costas, com seu vestido xadrez e suas botas caminhando com o ar cansado do fim do dia. Ela mora num prédio bom, com certeza tem outras roupas e condições de comprar mais roupas, mas acho que descobri a roupa preferida dela.
Também já sei onde ela mora e que curso faz.
Agora, espero não encontrar ela com outras roupas, vai ser frustrante. Quero manter o meu imaginário sobre a menina que só gosta de uma roupa. É bem mais divertido assim.

domingo, 14 de setembro de 2008

Coragem!

Uma amiga veio me pedir: me ajuda a ter coragem!
Fiquei pensando comigo, como se ajuda a ter coragem, justo eu?
Enfim, a única coisa que cheguei a conclusão que coragem só pode existir da certeza em se fazer a coisa certa, quando não existe mais outra maneira. Daí nos inflamos desse sentimento que nos impulsiona a resolver, porque já não podemos mais viver da outra forma.
Talvez seja isso a coragem. E a coragem de viver na adrenalina, se arriscar, fazer viagens, ousar, gastar o que não tem para realizar um sonho, também é por não saber viver de outra forma, por não saber ficar longe dos desejos do ser essencial.

sábado, 13 de setembro de 2008

Não se sinta sozinho no BUZÚ!

Resolvi finalmente postar um texto leve, de situações engraçadas que acontecem com a gente.
Essa semana estava no ônibus. Cobrador figura de tudo, luvas brancas (sei lá por qual motivo, aliás acho até que merece mais ênfase essa observação, porque é muito engraçado um cobrador de luvas, e brancas!), ativo (andava de um lado pro outro sem conseguir parar, aquela cadeira que cobrador tem, para ele era meramente simbólica, sem utilidade, não vi ele sentado lá em nenhum momento) e interativo (gostava de participar das situações do ônibus).
Bom, ônibus estava vazio, senta uma menina e seus óculos escuros ao meu lado. Achei engraçado e fiquei pensando o que fez ela sentar lá comigo se havia tantos lugares pra ela sentar sozinha e eu pessoalmente, nunca sento com as pessoas podendo estar só. Mas enfim, cada um com a sua piração.
Caminhos e mais caminhos, em certa altura essa menina abaixa os óculos, me olha com um olhar levemente louco e diz bem perto dos meus ouvidos que estava com medo do cobrador porque ele era muito esquisito...hahaha, justo ela, com aquela carinha de doida. Depois dela ouvir de mim que eu achava que ele era engraçadinho mas inofensivo, ela me disse rapidamente que precisava descer e já foi descendo, desviando o olhar do cobrador, como se estivesse fugindo dele. Cena boa de ver, me rendeu alguns minutos de risada interna, cheguei mesmo a me consolar de continuar na vida de pegar ônibus, e estar no ônibus naquele dia, de tanto que me diverti.
A semana foi passando, como havia me chamado a atenção esse episódio, comecei a reparar no hábito das pessoas ao sentarem no ônibus, onde elas procuram sentar. Enfim, voltou a acontecer mais duas vezes de ônibus estar com bastante lugar disponível e as pessoas virem se sentar justamente ao meu lado. Como se não bastasse, vira e mexe alguém acha que estou afim de ouvir os seus problemas.
Em Campinas, fizeram uma campanha grande incentivando a utilização do transporte público, tentando convencer as pessoas de que andar de ônibus é uma oportunidade de você fazer amigos...Pensar em melhoria do transporte, imagina, quem é que precisa de transporte bom se estiver em companhia de amigos? hã?
Daí estou pensando em lançar minha própria campanha: - não se sinta sozinho no BUZÚ, se sente ao meu lado!!! Se proteja do cobrador, dê uma encostadinha em meu braço, me conte seus problemas, divida sua agonia. Será que pega?

Simplicidade

Quem foi que inventou que é fácil ser simples? Eu tento, acho lindo, mas não consigo.
Outro tabu: o caminho do meio, alguém já achou? Procuro, procuro e me aparecem uns meio a esquerda, direita extrema, rotatória, rua sem saída e esse diabo de caminho do meio se existe, foge a minha vista, como o diabo da cruz.
Acho também que não confio em pessoas que se dizem equilibradas ou normais, é igual coelho da páscoa, simplesmente não existem. Também não sei se acredito em pessoas que possam mudar tão rapidamente, ou elas são bem loucas, ou não tem personalidade alguma, ou se mudaram tão rápido, podem fazer isso de novo num piscar de olhos e dai você nunca sabe com quem está lidando....
ok, estou nesse meu momento, esses meus textos andam conflituosos, andam escancarando minhas confusões, minha descrença em uma porção de coisas, mas a crise tem sua função, a verdade. Não me sacio de mais nada sem ela, preciso dela como preciso do ar, virou questão de sobrevivência. E não saio daqui até entender tudo o que quero.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Queria ser anunciada pela telefônica:
- Atenção, lalá temporariamente fora de serviço,
favor retornar em um mês.
Vou tentar voltar inteira, porque me quero demais.
Recuperar minha imagem que se perdeu em algum espelho.
Recuperar minha voz que se gastou num grito.
Recuperar meu olhar que ficou em alguma paisagem.
Depois disso, pago o conta e peço para telefônica religar.