Depois de tempos sem escrever em meu blog,
quase engolida pelo cotidiano, volto por um
causo que não podia deixar de contar.
Peço desculpas de antemão por escancarar o enterro
do morto em questão, porque era moço decente e
sorridente, moço de bom coração.
Mas o causo é muito bom e apesar de morte sempre
ser triste, essa teve pormenores tragi-cômicos que
mereciam ser narrados.
O causo aconteceu no interior de São Paulo,
e me chocou porque trouxe pra perto de mim
a gripe suína, que pensava estar tão distante,
no mundo negro das mídias sensacionalistas.
Agora posso dizer que conheço alguém que morreu
da gripe dos porquinhos.
Bom, ouvi a história pela ex-mulher do sujeito,
cujo casório vi consumar há anos atrás e, situando o leitor,
acabou pela língua felina da sogra, informação essa
importante pro desenrolar da história.
Sei lá se por destino ou sorte, nunca senti na pele o poder
da intromissão na face perversa dessas mães
desequilibradas em relação aos filhinhos,
que se junior então, diz a estatística que aumenta
a influência na relação conjugal,
e está montado o inferno matrimonial.
No caso do falecido em questão, mamãe estava de plantão,
estragando tudo o que é relação.
E minha amiga, a ex-esposa e a ex-odiada pela sogra,
no velório se tornou o ouvido para jararaca despejar
todo seu veneno falando mal da atual, que estava
em prantos pelo amado, agora ali, estatelado.
Pois bem, diante dos fatos de morte, e do mistério H1N1,
a pedido da família foi feita a necrópsia no morto,
que pesava mais de 150kG e por conta do peso,
acabou mal costurado pra voltar pro caixão.
A certa altura do velório, os líquidos do falecido
começaram a escorrer e os encarregados do defunto,
pra evitar constrangimento geral da nação,
depressa foram tentar colocar o mesmo,
numa outra posição. A tentativa era,
controlar o escoamento e evitar que a meleca,
que já estava nos pés da mamãe, rolasse pelo chão.
Mas, por falha técnica e excesso de peso do morto,
perdeu-se o controle do caixão, que de forma certeira
atingiu a boca da mãe, arrancando-lhe um dente.
Fica a dúvida, se o morto deu seu jeito de se vingar
da língua maldita da mãe ou se foi apenas um
acaso recheado de ironia.
O fato foi que o filho conseguiu que a mamãe,
ao menos no enterro, ficasse calada as custas da
falta de dente e de sua boca inchada,
deixando finalmente em paz, suas ex-amadas.