A peculiaridade dos lugares e suas pessoas me
causam um encantamento que tento transformar
em palavras, mas estou certa que fracasso.
Amo as palavras, mas ainda não encontrei palavras
suficientes que exprimam tudo que sinto.
Cada novo lugar em que estou, passa, também, a estar
dentro de mim. E em instantes de tempo, cena a cena,
me mostram o cenário dos lugares.
E de cenário em cenário, observo as cenas. Vou seguindo
viagem em um ônibus, montando meu filme em uma tarde
ensolarada de outono, na rica e diversa caatinga.
Em Iaçu, pequeno município da chapada diamantina,
contemplada por chapadões em todo seu entorno,
o cenário é a velha fábrica de cerâmica, de frente para
uma rodoviária azul, do tamanho de um quintal.
A fumaça sobe de suas chaminés. As duas moças, de
tamanhos iguais, vestem chapéus idênticos, descem do
ônibus e agora caminham, ritmicamente, em direção à
fábrica, as chaminés, a fumaça e as montanhas. Cena de filme.
Um cachorro, franzino e cor de mel, corre em meio aos
cactos e ao vazio da habitação, imerso em solidão, como a garça,
que logo ali na frente, contempla o lago. Cenas bucólicas de filme.
No povoado, lixos, bandeirolas e pessoas, mostram a cena que
perdi, e as histórias do são joão, que aconteceram ali.
O ônibus, agora, balança como o quê, naquelas estradas de
asfalto tão desgastado, que antes fossem, apenas, as velhas
estradas de terra batida.
Meus garranchos persistem, para que não se percam
na memória, as tão belas cenas.
Dentro do ônibus, o violeiro, de camisa amarela, barba aparada
e óculos moderno na cabeça, junto com sua viola branca, fazem
a trilha da viagem e assim, dispensam a montagem posterior da
trilha do filme. Esta, é a cena do homem-amante, voltando para
a casa abandonada. Onde a moça foi parar? É o mistério do filme.
As músicas de amor, cantadas com vigor e emoção, demonstram,
no mínimo, muita dor.
As árvores de troncos tortos na sombra do dia que se vai, em meio
a estrada, que agora é só pó e terra, me revelam um novo cenário.
Nele, um homem na bicicleta leva sua espingarda nas costas,
revelando a cena da caçada. Cactos, cactos e cactos, gigantes por
natureza, pouco a pouco se perdem na luz, que é cada vez
mais é sombra.
O outro na bicicleta, leva sua lenha, anunciando o breve fogo.
O sol poente, cria a sensação de um sol que se põe, também, dentro de mim.
Faz-se necessário um momento de silêncio interno e de preparo para entrar
no tempo da noite, no tempo da não luz, onde não se filma mais nada.
E se entra no tempo, então, da reflexão, pois filme na tela é
imagem e imaginação. Mas aqui, é repleto de verdade, cheiro,
textura e gosto da vida.
E a interpretação, não são de atores que representam seus papéis.
A interpretação é minha, tentando ler cenas, imaginando os fatos.
Maria, Maria e sua estranha mania...PALAVRAS!
Blog de pensamentos soltos ao vento
quarta-feira, 7 de julho de 2010
segunda-feira, 7 de junho de 2010
E a menina sonhou...
Sonhou que estava num campo, cheio de árvores.
Poderia ser um sítio ou uma fazenda, co-habitada
por parentes, amigos e desconhecidos.
Quando a madrugada adentra, alguém percebe que no céu
há 5 mísseis gigantes que se aproximam da terra.
Nosso futuro está condenado. Não há o que se fazer, só a espera
do momento em que tudo acabará. Muitos estão perplexos
e imóveis observando os mísseis. Hipnotizados em olhares perdidos.
A notícia, logo, se espalha, e quem dormia começa a se levantar.
Os olhares para o céu se multiplicam em instantes, num
movimento quase de onda, quase que obrigatório.
Inexplicavelmente surge um buraco, que não é propriamente
um buraco no chão, se parece muito mais, um buraco no espaço.
E neste momento surge a escolha. Quem entra no buraco,
antecipa o fim. Tudo se acaba nele.
Quem ainda tem esperança, e não se rende, não entra.
A menina, observa várias pessoas se jogando, desesperadamente,
no buraco, e sem pensar muito, lá vai ela...
Mas seu corpo-espírito é desviado.
Ela não pode. Ela não tem escolha.
Tenta novamente e, novamente e, novamente.
Não pode. A menina, então, percebe que precisa ficar.
Para ela, ficar é o único caminho.
Para ela, não existe desistir.
Poderia ser um sítio ou uma fazenda, co-habitada
por parentes, amigos e desconhecidos.
Quando a madrugada adentra, alguém percebe que no céu
há 5 mísseis gigantes que se aproximam da terra.
Nosso futuro está condenado. Não há o que se fazer, só a espera
do momento em que tudo acabará. Muitos estão perplexos
e imóveis observando os mísseis. Hipnotizados em olhares perdidos.
A notícia, logo, se espalha, e quem dormia começa a se levantar.
Os olhares para o céu se multiplicam em instantes, num
movimento quase de onda, quase que obrigatório.
Inexplicavelmente surge um buraco, que não é propriamente
um buraco no chão, se parece muito mais, um buraco no espaço.
E neste momento surge a escolha. Quem entra no buraco,
antecipa o fim. Tudo se acaba nele.
Quem ainda tem esperança, e não se rende, não entra.
A menina, observa várias pessoas se jogando, desesperadamente,
no buraco, e sem pensar muito, lá vai ela...
Mas seu corpo-espírito é desviado.
Ela não pode. Ela não tem escolha.
Tenta novamente e, novamente e, novamente.
Não pode. A menina, então, percebe que precisa ficar.
Para ela, ficar é o único caminho.
Para ela, não existe desistir.
sábado, 20 de março de 2010
Reflexões de uma mulher de 30 sobre o amor
O fato é certo.
Nós, mulheres, passamos a infância ouvindo histórias
de príncipes encantados e finais felizes, para depois
passar o resto da vida desconstruindo esse sonho
cristalizado de um imaginário infantil.
É claro, se soubessemos melhor o significado das
palavras aos 7 anos de idade, saberíamos que encantado
é o que não se concretiza, não se toca, só se idealiza.
É claro, se entendessemos de política aos 13, já reprovaríamos
a monarquia e todos os seus desdobramentos e privilégios
burgueses. Odiaríamos os príncipes.
Finalmente aos 17, já começamos a perceber que felizes são
os inícios, os finais são geralmente trágicos.
Aos 20, infelizmente, as mulheres já tiveram que lidar com
algumas desilusões, mas ainda são imaturas. Levam tudo a
ferro e fogo e desperdiçam vitalidade.
Dos 20 para os 30 é um salto impressionante ou, talvez, expressionante.
Os 30, sem dúvida, marcam essa transição para uma percepção
madura do mundo e do meio.
Já sabemos muito (a duras penas) sobre relações e
gastamos menos energia, usando mais a inteligência.
Já sabemos o que queremos e porque queremos.
Já sabemos o que não queremos e porque não queremos.
Porém, por puro descuido, ainda nos permitimos umas
paixões adolescentes, mas encaradas com outra visão,
com senso de humor e com a delícia do prazer anunciado.
Sim, já somos profissionais, mães, artistas, filósofas,
viajadas e tudo aquilo mais que a imaginação e a força de
uma mulher de 30 nos permite viver.
Por fim, para que os homens saibam o que queremos e
não nos acusem de não socializar informação, elaborei
uma listinha básica em tópicos didáticos:
- Queremos homens de verdade. Com defeitos e qualidades
que nos instiguem a viver melhor, a crescer, a dividir e construir.
- Nos homens de verdade vale cabelo branco, marca de expressão
e uma barriguinha de leve (não abusem nesse quesito !!!).
- Homens de verdade choram, porque sabem o valor do choro.
- Homens de verdade são os homens companheiros.
- Homens de verdade dizem a verdade.
E saibam:
- De complicação o mundo já ta cheio. Descompliquem,
simplifiquem e nos lembrem disso também, porque
às vezes esquecemos...
- Poesias são lindas. Canções também. Mas se o ato não condiz, de
nada servem. Guardem para si, reflitam e aprendam sobre elas.
-Se não sabem o que querem, estão proibidos de envolver
alguém em suas confusões. De castigo, no quarto, sozinhos
até descobrirem, OK ?
- Cobrar é uma coisa muitoooo chata, é de tirar o humor
de qualquer uma. Não nos obriguem a fazer isso, por favor.
Queremos usar nosso tempo de maneira mais criativa e
produtiva.
- Temos TPM e somos sensíveis demais aos estímulos que
o mundo nos apresenta. Quando gritamos e esperneamos
são os momentos que mais precisamos de ajuda, estamos
frágeis. Boa oportunidade para vocês cuidarem da gente.
- Olhar demais para o lado causa torcicolo e gera irritabilidade,
manchas vermelhas e reações descompensadas na companheira.
O ministério da saúde adverte: pica perdida pode ser achada,
morta !
- Educação, diálogo e cuidado são fundamentais, SEMPPRE !!!
- O bom sexo idem !!!
- As melhores conquistas são aquelas bem simples
(e tão grandes !) que conseguimos dia após dia:
A conquista de momentos felizes...
A conquista da cumplicidade...
A conquista do bom humor...
A conquista da saberdoria...
A conquista da dignidade...
...E claro, vamos de mãos dadas, que fica bem mais gostoso...
Nós, mulheres, passamos a infância ouvindo histórias
de príncipes encantados e finais felizes, para depois
passar o resto da vida desconstruindo esse sonho
cristalizado de um imaginário infantil.
É claro, se soubessemos melhor o significado das
palavras aos 7 anos de idade, saberíamos que encantado
é o que não se concretiza, não se toca, só se idealiza.
É claro, se entendessemos de política aos 13, já reprovaríamos
a monarquia e todos os seus desdobramentos e privilégios
burgueses. Odiaríamos os príncipes.
Finalmente aos 17, já começamos a perceber que felizes são
os inícios, os finais são geralmente trágicos.
Aos 20, infelizmente, as mulheres já tiveram que lidar com
algumas desilusões, mas ainda são imaturas. Levam tudo a
ferro e fogo e desperdiçam vitalidade.
Dos 20 para os 30 é um salto impressionante ou, talvez, expressionante.
Os 30, sem dúvida, marcam essa transição para uma percepção
madura do mundo e do meio.
Já sabemos muito (a duras penas) sobre relações e
gastamos menos energia, usando mais a inteligência.
Já sabemos o que queremos e porque queremos.
Já sabemos o que não queremos e porque não queremos.
Porém, por puro descuido, ainda nos permitimos umas
paixões adolescentes, mas encaradas com outra visão,
com senso de humor e com a delícia do prazer anunciado.
Sim, já somos profissionais, mães, artistas, filósofas,
viajadas e tudo aquilo mais que a imaginação e a força de
uma mulher de 30 nos permite viver.
Por fim, para que os homens saibam o que queremos e
não nos acusem de não socializar informação, elaborei
uma listinha básica em tópicos didáticos:
- Queremos homens de verdade. Com defeitos e qualidades
que nos instiguem a viver melhor, a crescer, a dividir e construir.
- Nos homens de verdade vale cabelo branco, marca de expressão
e uma barriguinha de leve (não abusem nesse quesito !!!).
- Homens de verdade choram, porque sabem o valor do choro.
- Homens de verdade são os homens companheiros.
- Homens de verdade dizem a verdade.
E saibam:
- De complicação o mundo já ta cheio. Descompliquem,
simplifiquem e nos lembrem disso também, porque
às vezes esquecemos...
- Poesias são lindas. Canções também. Mas se o ato não condiz, de
nada servem. Guardem para si, reflitam e aprendam sobre elas.
-Se não sabem o que querem, estão proibidos de envolver
alguém em suas confusões. De castigo, no quarto, sozinhos
até descobrirem, OK ?
- Cobrar é uma coisa muitoooo chata, é de tirar o humor
de qualquer uma. Não nos obriguem a fazer isso, por favor.
Queremos usar nosso tempo de maneira mais criativa e
produtiva.
- Temos TPM e somos sensíveis demais aos estímulos que
o mundo nos apresenta. Quando gritamos e esperneamos
são os momentos que mais precisamos de ajuda, estamos
frágeis. Boa oportunidade para vocês cuidarem da gente.
- Olhar demais para o lado causa torcicolo e gera irritabilidade,
manchas vermelhas e reações descompensadas na companheira.
O ministério da saúde adverte: pica perdida pode ser achada,
morta !
- Educação, diálogo e cuidado são fundamentais, SEMPPRE !!!
- O bom sexo idem !!!
- As melhores conquistas são aquelas bem simples
(e tão grandes !) que conseguimos dia após dia:
A conquista de momentos felizes...
A conquista da cumplicidade...
A conquista do bom humor...
A conquista da saberdoria...
A conquista da dignidade...
...E claro, vamos de mãos dadas, que fica bem mais gostoso...
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Vergonha ?!!
Postagens escassas = Tempo escasso !
Fórmula simples e fácil de decorar e,
mais fácil ainda de deduzir.
Até pessoas que, como eu, andam com a memória
bem comprometida, quase
Fórmula simples e fácil de decorar e,
mais fácil ainda de deduzir.
Até pessoas que, como eu, andam com a memória
bem comprometida, quase
que batendo as botas, vão se ligar.
Pois bem, volto hoje para escrever sobre a vergonha.
Eu que sempre morri de vergonha,
e sentia mais vergonha ainda de sentir vergonha,
hoje acordei pensando nela.
AFFFFF, perdi a conta das vezes
em que fiquei vermelha de vergonha na vida.
E dai, sentia a pele em chamas e isso me dava mais
vergonha, num ciclo que em instantes,
se faziam séculos.
E criei ódio por ela, que me acompanhava
nos trabalhos apresentados em sala de aula,
nas paqueras, nas emoções mal controladas,
nas situações que não sabia pra que lado correr.
Ainda não sei lidar totalmente com ela,
mas a idade, com certeza, me deixou
mais cara de pau.
A primeira vez que achei bonitinho ter vergonha,
foi quando um professor disse que as mulheres
que ainda ficam com as faces rubras estão
cada vez mais raras.
Pode até ter um certo toque machista a frase,
mas valeu pra eu me sentir rara...rs, mas
também, especialmente, para eu ver a vergonha
com outros olhos.
E hoje, talvez mais madura, ou menos medrosa
(observe que o mais madura não significa
maturidade plena e o menos medrosa
que eu não tenha medo de mais nada, apenas
melhorei. Eu acho...rs), minha leitura
é que um tanto de vergonha não faz mal
a ninguém.
Quando vejo a maneira que se comportam
políticos, banqueiros, grandes empresários,
alguns artistas ou mesmo pessoas
comuns ao nosso dia-a-dia, lamento
muitas vezes a ausência de vergonha
em suas vidas, pois descobri que a
vergonha dá o tom da ética e põe
limites comportamentais.
E, como sou generosa, sinto daí a
vergonha alheia.
Sinto vergonha daquela mulher
que veste uma saia minúscula,
sobe no salto fino, bebe todas
e mostra as calçolas,
Sinto vergonha das cantadas
que os "malas mens"
passam nas mulheres,
com esperança que dê
em alguma coisa...
Há algumas semanas, aqui
em Salvador, teve uma palestra com o
superintendente do meio ambiente
da prefeitura.
Cara, senti vergonha por ele.
Um senhor, que deve ser avô,
não tem vergonha de não ter
palavra, de não poder se posicionar,
de olhar pra gente com a cara mais
deslavada do mundo de quem deve,
nega e não tem honra, senti tanta
vergonha por ele.
E assim, vendo tudo que
já vi nessa vida, quero hoje
agradecer toda a vergonha
que me cabe nesse mundo.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
um causo de morte
Depois de tempos sem escrever em meu blog,
quase engolida pelo cotidiano, volto por um
causo que não podia deixar de contar.
Peço desculpas de antemão por escancarar o enterro
do morto em questão, porque era moço decente e
sorridente, moço de bom coração.
Mas o causo é muito bom e apesar de morte sempre
ser triste, essa teve pormenores tragi-cômicos que
mereciam ser narrados.
O causo aconteceu no interior de São Paulo,
e me chocou porque trouxe pra perto de mim
a gripe suína, que pensava estar tão distante,
no mundo negro das mídias sensacionalistas.
Agora posso dizer que conheço alguém que morreu
da gripe dos porquinhos.
Bom, ouvi a história pela ex-mulher do sujeito,
cujo casório vi consumar há anos atrás e, situando o leitor,
acabou pela língua felina da sogra, informação essa
importante pro desenrolar da história.
Sei lá se por destino ou sorte, nunca senti na pele o poder
da intromissão na face perversa dessas mães
desequilibradas em relação aos filhinhos,
que se junior então, diz a estatística que aumenta
a influência na relação conjugal,
e está montado o inferno matrimonial.
No caso do falecido em questão, mamãe estava de plantão,
estragando tudo o que é relação.
E minha amiga, a ex-esposa e a ex-odiada pela sogra,
no velório se tornou o ouvido para jararaca despejar
todo seu veneno falando mal da atual, que estava
em prantos pelo amado, agora ali, estatelado.
Pois bem, diante dos fatos de morte, e do mistério H1N1,
a pedido da família foi feita a necrópsia no morto,
que pesava mais de 150kG e por conta do peso,
acabou mal costurado pra voltar pro caixão.
A certa altura do velório, os líquidos do falecido
começaram a escorrer e os encarregados do defunto,
pra evitar constrangimento geral da nação,
depressa foram tentar colocar o mesmo,
numa outra posição. A tentativa era,
controlar o escoamento e evitar que a meleca,
que já estava nos pés da mamãe, rolasse pelo chão.
Mas, por falha técnica e excesso de peso do morto,
perdeu-se o controle do caixão, que de forma certeira
atingiu a boca da mãe, arrancando-lhe um dente.
Fica a dúvida, se o morto deu seu jeito de se vingar
da língua maldita da mãe ou se foi apenas um
acaso recheado de ironia.
O fato foi que o filho conseguiu que a mamãe,
ao menos no enterro, ficasse calada as custas da
falta de dente e de sua boca inchada,
deixando finalmente em paz, suas ex-amadas.
quase engolida pelo cotidiano, volto por um
causo que não podia deixar de contar.
Peço desculpas de antemão por escancarar o enterro
do morto em questão, porque era moço decente e
sorridente, moço de bom coração.
Mas o causo é muito bom e apesar de morte sempre
ser triste, essa teve pormenores tragi-cômicos que
mereciam ser narrados.
O causo aconteceu no interior de São Paulo,
e me chocou porque trouxe pra perto de mim
a gripe suína, que pensava estar tão distante,
no mundo negro das mídias sensacionalistas.
Agora posso dizer que conheço alguém que morreu
da gripe dos porquinhos.
Bom, ouvi a história pela ex-mulher do sujeito,
cujo casório vi consumar há anos atrás e, situando o leitor,
acabou pela língua felina da sogra, informação essa
importante pro desenrolar da história.
Sei lá se por destino ou sorte, nunca senti na pele o poder
da intromissão na face perversa dessas mães
desequilibradas em relação aos filhinhos,
que se junior então, diz a estatística que aumenta
a influência na relação conjugal,
e está montado o inferno matrimonial.
No caso do falecido em questão, mamãe estava de plantão,
estragando tudo o que é relação.
E minha amiga, a ex-esposa e a ex-odiada pela sogra,
no velório se tornou o ouvido para jararaca despejar
todo seu veneno falando mal da atual, que estava
em prantos pelo amado, agora ali, estatelado.
Pois bem, diante dos fatos de morte, e do mistério H1N1,
a pedido da família foi feita a necrópsia no morto,
que pesava mais de 150kG e por conta do peso,
acabou mal costurado pra voltar pro caixão.
A certa altura do velório, os líquidos do falecido
começaram a escorrer e os encarregados do defunto,
pra evitar constrangimento geral da nação,
depressa foram tentar colocar o mesmo,
numa outra posição. A tentativa era,
controlar o escoamento e evitar que a meleca,
que já estava nos pés da mamãe, rolasse pelo chão.
Mas, por falha técnica e excesso de peso do morto,
perdeu-se o controle do caixão, que de forma certeira
atingiu a boca da mãe, arrancando-lhe um dente.
Fica a dúvida, se o morto deu seu jeito de se vingar
da língua maldita da mãe ou se foi apenas um
acaso recheado de ironia.
O fato foi que o filho conseguiu que a mamãe,
ao menos no enterro, ficasse calada as custas da
falta de dente e de sua boca inchada,
deixando finalmente em paz, suas ex-amadas.
quarta-feira, 25 de março de 2009
Tostines
Meu olhar-percepção-pensamento
aguçados me deixam mais triste
ou minha tristeza aguça
meu olhar-percepção-pensamento?
aguçados me deixam mais triste
ou minha tristeza aguça
meu olhar-percepção-pensamento?
Cata-Vento
Na contramão dos caminhos,
gasto toda minha energia
pra alimentar meu rodamoinho,
e ver esta energia voltar a ser vento.
Ainda encontrei Sancho Pança,
desculpei-me por abandonar o sonho,
mas cansei de lutar com dragões.
Dulcinéia desceu da torre e ninguém
foi buscá-la.
Logo ali na frente, sorri quando percebi
meu vento captado no cata-vento de uma
pequena mão.
gasto toda minha energia
pra alimentar meu rodamoinho,
e ver esta energia voltar a ser vento.
Ainda encontrei Sancho Pança,
desculpei-me por abandonar o sonho,
mas cansei de lutar com dragões.
Dulcinéia desceu da torre e ninguém
foi buscá-la.
Logo ali na frente, sorri quando percebi
meu vento captado no cata-vento de uma
pequena mão.
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